Moraes 2: Ameaças e provável monitoramento até do interior de um edifício
É uma experiência nauseante ler a petição da Procuradoria Geral da República, que pede medidas cautelares, inclusive a prisão preventiva, contra os irmãos Raul Fonseca de Oliveira, um fuzileiro naval, e de Oliveirino de Oliveira Junior.
Transcrevo trechos, omitindo nomes e termos mais chocantes. Avaliem se devemos aceitar como rotineiras coisas como as que seguem. Informa a petição da PGR:
"Nos trechos em realce é possível identificar ameaças de sequestro ('dá para sequestrar cada um dos Barci de Moraes, pelas informações que já temos'), tortura ('colocar um rato vivo TRECHO OMITIDO e deixar lá até o roedor roer bastante lá dentro'; 'morrer sangrando tendo os dentes arrancados, e as pintas do corpo dela arrancadas da pele para dificultar o reconhecimento do corpo') e morte ('seria fácil chegar e metralhar o carro sedan escuro de algum dos Barci de Moraes no farol da praça TRECHO OMITIDO'; 'degolar a garganta TRECHO OMITIDO, pendurar a cabeça dela em cima de uma fogueira, cortar as orelhas fora, tirar os brincos arrancando, e dar o resto das orelhas sangrando pros cachorros comerem'"
Escreve ainda Paulo Gonet, procurador-geral da República:
"O conteúdo das mensagens, além de veicular ameaças de violência à integridade física e à vida de TRECHO OMITIDO, também autoriza a conclusão de que o remetente tenha conhecimento de informações de caráter pessoal das vítimas, como endereços de local de trabalho e local de residência, além dos trajetos rotineiramente realizados nos deslocamentos entre os locais.
As informações sobre os trajetos e os deslocamentos indicam também, e com maior gravidade, a possibilidade de que as vítimas estejam sendo ou tenham sido objeto de vigilância pelo remetente das mensagens.
A Avaliação Especial de Segurança n. 35/2024 indica que, além do Edifício OMITIDO, onde se encontra o escritório de advocacia OMITIDO, o remetente das ameaças também nomina locais em que seria viável a realização de emboscadas. Assim é o caso da Praça OMITIDO, situada a seiscentos metros do Edifício OMITIDO, e da Rua OMITIDO, situada a um quilômetro e quatrocentos metros da sede do escritório OMITIDO.
Há nas mensagens, ainda, insinuações sobre os deslocamentos das vítimas no interior do Edifício OMITIDO, com referência ao uso do elevador social do prédio por OMITIDO"
É inequívoco que familiares do ministro foram monitorados.
Sobre Raul Fonseca de Oliveira, observa a petição da PGR:
"É de extrema importância realçar que, embora não tenham sido identificadas armas registradas em seu nome, a formação militar de RAUL FONSECA DE OLIVEIRA aumenta o grau de risco das ameaças, sobretudo diante das menções a locais e trajetos percorridos pelas vítimas."
Sobre seu irmão, Oliveirino de Oliveira Júnior:
"Pesquisas em fontes abertas revelaram vínculo profissional do representado com empresa de manutenção de elevadores na Cidade de São Paulo, o que pode estar vinculado aos elementos contidos na mensagem que detalha a rotina de OMITIDO na parte interna do Edifício OMITIDO".
Concluiu, então, a PGR:
"Há, ainda, indícios de que atos preparatórios para crimes ainda mais graves (como sequestro, tortura e homicídio) possam estar em curso, inclusive com o monitoramento e vigilância das vítimas.
A gravidade das condutas não pode ser desconsiderada, sobretudo pela contemporaneidade das ameaças proferidas, pela formação militar do investigado RAUL FONSECA DE OLIVEIRA e pela possibilidade de que OLIVEIRINO DE OLIVEIRA JUNIOR esteja envolvido no monitoramento das vítimas."
Alguns dos nossos valentes "analistas", no entanto, veem exagero e acreditam que o verdadeiro culpado por tudo isso é mesmo Alexandre de Moraes e seus supostos superpoderes.
Avaliem vocês mesmos.
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