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Rogério Gentile

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Engenheiro é condenado por injúria racial e ato obsceno em restaurante

O engenheiro Antonio Carlos Seabra Minhoto, de 46 anos, foi condenado pela Justiça por cometer injúria racial e ato obsceno em um restaurante na cidade de São Paulo.

No dia 27 de março, segundo o processo, ao ser recebido por uma recepcionista no restaurante Nativas Grill, na Vila Mariana, Minhoto afirmou:

"Não se direciona a mim, não quero você falando comigo", afirmou.

A recepcionista disse à Justiça que fingiu que não estava entendendo e o acompanhou à mesa, onde ele ordenou: "Vai buscar água para mim, sua macaca".

Em seguida, sempre segundo o processo, ele ainda afirmou: "Não olha para mim, sua preta, negra, mulambenta, negrinha, você merece morrer. Sou general, você não pode se direcionar a mim, porque os comandantes estão chegando. Primeiro, você é negra. Segundo, você é Lula, você é um lixo".

O gerente, então, se aproximou e pediu que ele se retirasse, mas ele se negou e saiu apenas para fumar, ficando em frente à recepção. Nesse momento, por ao menos duas vezes, segurou o pênis na direção da recepcionista, declarando: "Volta para o tronco, sua macaca, que é seu lugar".

Em depoimento à Justiça, a recepcionista disse que se sentiu muito mal. "Fui para o banheiro, sem reação. Só conseguia pensar nos meus filhos, que são negros."

O engenheiro foi preso em flagrante, mas obteve um alvará de soltura e respondeu o processo em liberdade.

Outro lado

Na defesa apresentada à Justiça, ele afirmou ser "uma pessoa de bem".

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Seus advogados argumentaram que os fatos se deram, sobretudo, "por conta de clara interferência do seu quadro clínico mental, pois se trata de pessoa diagnosticada com transtorno misto de ansiedade e depressão e, também, com transtorno bipolar".

Eles afirmaram que o engenheiro vinha se submetendo a tratamento psiquiátrico e psicológico, com uso contínuo de remédios controlados.

O engenheiro declarou que, ao assistir às imagens captadas pelas câmeras do restaurante, ficou "envergonhado e arrependido".

A juíza Carla Pinto Ferrari disse na sentença que estresse e problemas pessoais não justificam tal tipo de ofensa e que não há prova de ele que seja portador de doença mental que retire sua capacidade de entender o caráter ilícito de seus atos.

"O comportamento do réu foi lamentável e representa diametralmente o oposto da boa conduta que os cidadãos devem ter em sociedade", declarou. Não bastasse a reprovabilidade da injúria racial, o seu ato obsceno não se pautou apenas em ter um comportamento indecente em local público, mas também visou menosprezar a vítima pela sua condição de mulher, buscando humilhá-la com um comportamento retrógrado e inadequado, que jamais deve ser tolerado."

O engenheiro, que ainda pode recorrer, foi condenado a uma pena de dois anos de reclusão e três meses de detenção em regime aberto, mas a punição foi substituída pela prestação de serviços comunitários pelo mesmo período, assim como o pagamento de dois salários mínimos a uma entidade social

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