Mulher cai no golpe do amor após promessa de receber 800 mil dólares

"Não consigo tirar sua foto da minha mente desde a primeira vez que vi seu perfil. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo, como você pode tocar meu coração tão facilmente assim?", dizia em uma das mensagens.

Dez dias depois, em meio a mais palavras apaixonadas, o golpista disse que enviaria 800 mil dólares para brasileira em uma caixa por meio "de um serviço de correio de imunidade diplomática" para que ela comprasse uma casa para morarem.

Ele dizia que em um mês conseguiria se mudar para o Brasil, onde casariam.

"Eu confio em você de todo o meu coração, querida", escreveu o golpista. "Você será meu amor para todo o sempre."

Alguns dias depois, a mulher recebeu uma mensagem de uma suposta empresa denominada "Eco Link Logistics", dizendo que ela recebera uma encomenda do exterior, mas que precisava pagar uma taxa de importação.

"Quando a autora [do processo] percebeu que se tratava de um golpe, era tarde demais, afirmou à Justiça o advogado Jharllen de Sousa, que representa a vítima.

Ela já havia perdido os R$ 12 mil, por meio de cinco transferências via pix.

A ação judicial foi aberta contra a auxiliar de limpeza Denise Cristina Gomes de Souza, que recebeu as transferências com o pagamento da "taxa".

"A autora do processo sofreu inegável dano material, visto que a ré e seus cúmplices lhe aplicaram um golpe, que acarretou um prejuízo na importância de R$ 12 mil", disse o advogado no processo.

Na defesa apresentada à Justiça, a auxiliar de limpeza afirmou também ser vítima do golpe do amor.

Disse que havia conhecido na região central de São Paulo um africano de nome Pavel, que afirmava possuir um boxe de comércio na rua 25 de Março.

Tempos depois, sempre segundo seu relato, com o "amadurecimento da relação", ele lhe disse que estava com a conta bancária bloqueada e que precisava receber um dinheiro enviado por familiares para pode visitar sua mãe, que estava muito doente.

Ela afirmou que não hesitou em ajudá-lo, emprestando-lhe a sua conta bancária. Denise disse que não sabia do golpe, e que não teve nenhum lucro financeiro.

Sumiço do golpista

Segundo ela, Pavel nunca mais apareceu depois que ela lhe entregou o dinheiro. "Também fui vítima de um golpe sentimental", declarou na ação.

A Justiça não aceitou a alegação.

Na segunda-feira passada, a auxiliar de limpeza foi condenada pela juíza Vivian Catapani a devolver os R$ 12 mil à vítima do golpe, bem como lhe pagar uma indenização de R$ 5 mil por danos morais. Terá ainda de pagar mais R$ 3.500 referentes aos honorários do advogado da vítima.

"Ao permitir que sua conta fosse utilizada para prejudicar terceiros, contribuiu substancialmente para o sucesso da fraude", afirmou na sentença.

A auxiliar de limpeza ainda pode recorrer.

Não há notícia sobre o paradeiro de Pavel.