Vice-líder de Tarcísio é condenado por ridicularizar petista com memes
O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) foi condenado pela Justiça paulista a pagar R$ 30 mil a uma eleitora do PT que foi ridicularizada por memes nas redes sociais.
Ativista do MBL (Movimento Brasil Livre), Zacarias colocou em maio do ano passado um cartaz na avenida Paulista convidando os pedestres a debaterem determinados assuntos com ele.
Uma turista carioca, que aceitou participar do debate, entrou na Justiça dizendo que o deputado, vice-líder do governo Tarcísio na Assembleia paulista, manipulou as imagens gravadas, divulgando nas redes sociais "memes" que ridicularizaram suas respostas.
"O réu [Guto Zacarias] editou todo o conteúdo do debate, manipulando as falas e simulando contextos diferentes do que foi dito, com o objetivo de se autopromover nas redes sociais", afirmou à Justiça a advogada Kelly Tavares Rodrigues, que representa a mulher.
Na ação, ela cita vídeos como "Petista é a favor da taxação da Shein e da Shoppe", "Encontrei um defensor do governo Dilma", e "O Lula não é de esquerda", todos com milhares de visualizações.
A autora do processo disse à Justiça que não fazia ideia de que Guto era deputado estadual, tampouco que os vídeos seriam editados e manipulados de modo "a que fizesse o papel de uma pessoa tola e ignorante".
Na defesa apresentada à Justiça, o deputado comparou os debates que costuma promover aos realizados pelo filósofo Sócrates (470-399 a.C) na Grécia antiga.
"É uma forma simpática de promover o debate e compreender os diferentes pontos de vista, além de estimular a retórica. Na verdade, o réu não faz nada de muito destoante do que Sócrates fazia em seu tempo", declarou sua defesa no processo.
Zacarias afirmou na ação que "manteve o respeito e expôs as inconsistências argumentativas da autora do processo sem a expor ao ridículo". Segundo ele, "não houve qualquer recorte malicioso ou descontextualizado de suas falas".
O juiz Miguel Ferrari Junior não aceitou a argumentação.
Na sentença em que condenou o deputado, ele afirmou que a edição do debate distorceu as falas e manipulou a imagem da autora do processo.
"Foi ridicularizada tão somente por defender ideias políticas diversas daquelas preconizadas pelo réu", declarou o juiz.
O deputado ainda pode recorrer.
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