Rogério Gentile

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Reportagem

Justiça condena empresa aérea que impediu Simony de levar remédios em voo

A Delta Air Lines foi condenada pela Justiça paulista a pagar uma indenização de R$ 21.388 à cantora Simony.

Em fevereiro do ano passado, a cantora, que estava em cadeira de rodas, foi barrada ao tentar embarcar no aeroporto de Orlando (EUA) para retornar ao Brasil com a família.

A confusão começou quando, ao realizar os procedimentos de embarque, ela foi informada pela funcionária da empresa que não poderia levar sua bagagem de mão, na qual estavam medicamentos do seu tratamento de câncer.

Na ação, a Delta afirmou que Simony começou a gritar, se levantou da cadeira de rodas e segurou a funcionária pelo braço.

"Simony não apenas se recusou a atender às orientações, mas também teve comportamento agressivo com a funcionária, gritando, ofendendo-a e agredindo-a fisicamente", afirmou a empresa.

A Delta anexou no processo o relato feito pela comissária em um documento interno.

"A passageira levantou da cadeira de rodas e começou a gritar comigo, causando perturbação e começou a me culpar e me segurou pelo braço direito", afirmou no relato. "Pensei que ela e seu grupo iam me agredir, e me afastei porque precisava de ajuda. Chamei a polícia imediatamente, quando a passageira agarrou meu ombro, me empurrou em direção à parede, machucando meu ombro", declarou a funcionária.

A empresa afirmou no processo que Simony estava com excesso de bagagens de mão e que poderia ter reorganizado seus medicamentos em uma única mala de mão, sem qualquer prejuízo a sua saúde, mas se recusou a seguir as orientações.

A cantora, que ficou famosa com o grupo musical "Turma do Balão Mágico", formado em 1982, negou à Justiça que tenha agredido a funcionária.

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A advogada Jamila Gomes, que a representa, afirmou no processo que as câmeras do aeroporto podem provar que não houve agressão.

"Este episódio jamais ocorreu, pois não é da índole dos autores [Simony e familiares], até mesmo em razão de Simony estar, no presente momento, em tratamento contra o câncer", disse a advogada à Justiça.

De acordo com a advogada não houve qualquer justificativa plausível para a família ter seu embarque negado. Ela disse que Simony acabou sendo obrigada a permanecer com a família nos Estados Unidos, sem qualquer respaldo da companhia aérea, e que foi obrigada a comprar novas passagens para retornar ao Brasil.

"[Simony e os familiares] jamais imaginariam que iriam passar por este transtorno e humilhação, inclusive perante os demais passageiros", declarou.

Juiz entende que cantora foi exposta a "situação peculiar"

O juiz Marcos Vinicius Krause Bierhalz deu razão à cantora, ressaltando que a empresa não apresentou provas de suas alegações, a despeito das câmeras existentes no aeroporto e das muitas pessoas que estavam no local no momento dos fatos.

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"É imperioso reconhecer que Simony foi submetida a uma situação peculiar. O fato, além da espera por novo voo, ensejou situação constrangedora, com acionamento policial e conturbação anormal", declarou ao determinar a indenização. "Ela portava medicamentos e embarcava em cadeira de rodas, circunstâncias que deveriam ter sido sopesadas pela empresa", afirmou o juiz na sentença.

O valor da condenação, que ainda será acrescido de juros e correção monetária, contempla a restituição das passagens e o pagamento de uma indenização por danos morais.

A Delta ainda pode recorrer.

Simony foi diagnosticada com câncer de intestino em 2022. No final do ano passado, nas redes sociais, ela comemorou o resultado do tratamento. "O meu exame do PET Scan não deu nada. Eu continuo zerada, conforme o último exame. Vai fazer um ano que recebi esse 'milagre' na minha vida", afirmou.

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