Netanyahu discursa apelando ao 'Israel Bíblico', guerreiro e messiânico
Hoje, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi à Assembleia Geral das Nações Unidas para reforçar sua decisão de seguir sendo o senhor da guerra, e que não está disposto a recuar ou ceder a acordos, ainda que eles sejam propostos por seu principal parceiro, os Estados Unidos.
Mas talvez o eixo fundamental do discurso duro de Netanyahu, sob protestos e pressão de outras delegações, tenha sido o reforço da retórica religiosa e messiânica.
Citar o rei Salomão por duas vezes em um discurso não é um mero estilo retórico. É uma mensagem clara que forja seu militarismo expansionista de missão religiosa, chamado divino, que se seculariza na terra.
Recorrer à imagem da bênção e da maldição é a melhor estratégia para simplificar o nacionalismo religioso presente em seu discurso. "Bênção e maldição" é um recurso narrativo fundamental no Antigo Testamento.
Para o conservadorismo religioso, sobretudo do mundo ocidental, prosperidade nacional e fracasso nacional estão intrinsecamente relacionados a como as nações se posicionam com relação a Israel.
Muitos pesquisadores usam o termo "Israel imaginário" para chamar atenção para como Netanyahu mobiliza o Israel bíblico para criar engajamento popular e conexão com outras figuras autocratas da ultradireita no mundo.
O Israel bíblico cria sinergia e conexão com uma extrema direita global que cada vez mais se serve da gramática religiosa para dar fundamento ao seu projeto de poder. Um projeto de poder que não está "orientado" por um desejo político terreno, mas, antes, tende a um chamado maior e transcendental.
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