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Rubens Valente

REPORTAGEM

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Caixa apaga imagens de seu presidente nas redes mas não explica decisão

Vídeo divulgado pela Caixa em seu perfil oficial exalta a figura do presidente do banco, Pedro Guimarães - Reprodução/Instagram
Vídeo divulgado pela Caixa em seu perfil oficial exalta a figura do presidente do banco, Pedro Guimarães Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

18/09/2021 07h00Atualizada em 18/09/2021 10h48

A Caixa apagou das suas redes sociais dezenas de postagens que exaltavam, com fotografias e vídeos, a imagem do presidente do banco, Pedro Guimarães, em viagens pelo país. Procurada pela coluna, contudo, a instituição não informou o motivo de sua decisão.

As diversas mensagens nas redes sociais da Caixa foram objeto desta coluna no último dia 13, quatro dias antes da exclusão. A limpeza foi revelada pelo colunista Guilherme Amado no site Metrópoles nesta sexta-feira (17) e confirmada pela coluna.

As mensagens, postadas nos perfis oficiais da Caixa no Instagram, no Twitter e no Facebook, mostravam Guimarães em diversas situações pelo interior do país, como a travessia de um rio no Jalapão (TO), a companhia de pescadores em Santa Catarina e uma selfie em Resende (RJ). Segundo a Caixa, as viagens fazem parte de um projeto chamado "Caixa mais Brasil".

Procurada pela coluna nesta sexta-feira sobre os motivos da retirada das mensagens, a Caixa não explicou sua decisão, limitando-se a enviar um parágrafo, na íntegra: "A Caixa está em processo rotineiro de gestão de suas redes sociais, que são um relevante veículo de comunicação com seus clientes e com toda a sociedade brasileira".

Alguns vídeos protagonizados por Guimarães foram mantidos nas redes sociais da instituição. Eles, contudo, não mostram o presidente em viagens, mas sim fazendo anúncios oficiais sobre projetos do banco e de orientação a clientes e usuários.

Na última quarta-feira (15), dois dias após a coluna ter tratado das mensagens da Caixa, Pedro Guimarães demonstrou contrariedade, embora não tenha citado o UOL. Ele participou de uma cerimônia no Palácio do Planalto ao lado do presidente Jair Bolsonaro e aproveitou para desabafar: "Fomos pelo Brasil inteiro. [...] Agora, algumas pessoas falam 'ah, tá viajando, quer ser político'. Eu sou presidente da Caixa. E foram 114 finais de semana longe da minha esposa e dos meus dois filhos, 114, 329 dias".

Em agosto, o plenário do TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu advertir a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) a parar de fazer publicações que caracterizam "promoção pessoal" de Bolsonaro nas redes sociais do órgão na internet. Os auditores do TCU apontaram descumprimento do artigo 37 da Constituição Federal.

Em seu parágrafo 1º, o artigo veda expressamente: "A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos".