Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Vaza Jato mostra que Moro não travou a luta do bem contra o mal
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Tem gente que já não é mais criança, mas que acredita na luta do bem contra o mal. Tem gente esperta que finge estar travando uma guerra assim. Em geral, os políticos estão nesse segundo grupo. Mas o vazamento das conversas entre o então juiz Sergio Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol e a turma da Lava Jato mostra que eles também iludiram o povo com uma falsa luta do bem contra o mal.
É difícil falar desse assunto, porque até hoje boa parte dos eleitores e dos jornalistas continuam acreditando na luta do bem contra o mal.
Vi muita gente boa dizendo que votaria em qualquer um contra o PT, porque a Lava Jato mostrara que os petistas eram, aspas, "do mal".
E olha no que temos hoje aí.
Também muito político esperto naquele momento caindo fora da canoa, porque notou que Moro conseguira carimbar a turma do Lula como bandida.
Esses, voltaram logo depois para o centro do poder, junto com o próprio Sérgio Moro, que ganhou uma cadeira na Esplanada dos Ministérios.
Particularmente, sempre achei que houve alguns petistas no governo que realmente se locupletaram. Mas, sinceramente, não acho que Lula e Dilma se enquadrem nesse grupo.
Também acredito que muita gente do PSDB, do MDB, do DEM e do centrão meteu a mão no dinheiro público. Mas dá para dizer que Fernando Henrique Cardoso ou Itamar Franco tenham feito isso?
A política e o mundo não são uma luta do bem contra o mal. E a Vaza Jato mostra que a Lava Jato iludiu o país com essa falsa dicotomia.
Lembro de uns versos do livro "As mil e uma noites", que um amigo meu aprendeu a recitar quando voltava de uma estada na União Soviética em que presenciou a derrocada do regime. O Luiz Carlos Azedo declamava assim:
"Eles julgaram a seu modo
E se acumpliciaram nesse trabalho
Dentro em pouco, seu poder parecerá que nunca existiu
Poderiam ter permanecido justos e puros
mas abusaram do poder
e o mundo por seu turno os oprimiu
assim como a adversidade e a provação"
É, Sérgio Moro, você e a turma da Lava Jato não se sentem espelhados nesse poema?
Se acumpliciaram naquele trabalho, acreditaram tanto no próprio poder, mas abusaram. E, ao que parece, o mundo e a história não os estão perdoando.
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