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Isolado, Bolsonaro esperou por adesão popular ao golpe que não ocorreu
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) esperou durante toda a segunda-feira, 31, pela adesão popular, que não ocorreu, às manifestações de caminhoneiros nas estradas. Agora se sente isolado e abandonado por aliados e até por assessores.
Bolsonaro acreditava que os caminhoneiros poderiam servir de estopim para deflagrar embates nos grandes centros entre seus eleitores e aqueles do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Foi essa expectativa golpista que levou o presidente derrotado a resistir aos apelos de seus assessores militares e do centrão para reconhecer a vitória de Lula na eleição presidencial.
Bolsonaro tem demonstrado irritação até mesmo com os assessores. Reclamou que está sendo traído por aqueles a quem julga ter beneficiado durante seu governo.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um dos apontados pelo chefe do Planalto nas suas conversas reservadas. O presidente reclama de Lira ter reconhecido a vitória de Lula "apressadamente, logo após o resultado" das urnas ter sido anunciado.
Bolsonaro também ficou irritado ao saber que o vice-presidente Hamilton Mourão, eleito senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, já convidou Geraldo Alckmin e esposa para visitar a residência oficial da vice-presidência da República, o Palácio Jaburu.
Até mesmo o ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, desagradou o presidente ao se dispor junto ao PT, na segunda-feira, para colaborar na transição.
Ciro Nogueira é também presidente nacional do PP, o maior partido do centrão. Seu gesto e o de Lira apontam para a intenção do partido de iniciar negociações para apoiar o futuro governo.
Os assessores de Bolsonaro acreditam que, até por se reconhecer isolado, o presidente deverá manifestar publicamente nesta terça-feira.
Mas ninguém entre seus assessores tem segurança quanto ao teor da manifestação. Bolsonaro insiste que os adversários querem vê-lo preso, assim como a seus filhos, e que ele não aceitará isto. Ele ainda procura meios de dizer que houve fraude na eleição.
Atualmente, há quatro inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal em que o presidente é investigado por suspeitas de diferentes crimes.
Ele também enfrenta as acusações pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que estão em apuração pela PGR.
A partir do momento em que deixar a Presidência, Bolsonaro passa a responder por todas essas suspeitas na Justiça Comum.
Isso significa que a Polícia Federal, já então subordinada ao Ministro da Justiça do novo governo, pode continuar as investigações sem autorização do STF. E os processos no TSE passam para o TRE da região onde houve a suspeita.
As apurações que estão sob jurisdição da Procuradoria Geral da República passam para a competência de instâncias inferiores do Ministério Público, longe do alcance do PGR, Augusto Aras.
Se o Ministério Público decidir fazer uma denúncia contra Bolsonaro, ele será julgado por um juiz de primeira instância.
Bolsonaro também perde o direito de ser defendido pelo AGU (Advogado-Geral da União) e vai precisar contratar um advogado particular.
O problema de falar em fraude é que o bolsonarismo poria em risco o resultado das eleições em São Paulo. Lá, foi eleito governador o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (republicanos).
O estado pode se tornar um refúgio para os bolsonaristas que ficarão sem cargos no governo federal e isso também faz com que mesmo uma parcela mais aguerrida dos bolsonaristas no governo defendam que o presidente reconheça logo o resultado das urnas.
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