Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Deltan Dallagnol é vítima de vingança, mas isso não o exime de culpa
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O procurador Deltan Dallagnol tem razão quando diz que a cassação de seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é fruto de um tipo de vingança. Mas isso não o exime de culpa.
De fato, Deltan conta com uma profunda antipatia não só do meio político, sobre o qual agiu como um verdadeiro carrasco em aliança com o então todo-poderoso juiz da operação Lava Jato, o hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Ambos atuaram juntos na preparação de artimanhas para condenar todo um grupamento de políticos dos quais simplesmente não gostavam. Agiram ao arrepio de ritos e normas legais.
E o pior é que acabaram se beneficiando pessoalmente dos processos. Um deles tornou-se ministro e, depois, senador da República; outro, elegeu-se deputado federal.
As artimanhas dos dois também irritaram profundamente o meio jurídico. Ministros de tribunais superiores sentiram-se manipulados pela dupla. E nada irrita mais um juiz do que descobrir que sancionou decisões por força de artimanhas de algum espertinho.
Veja-se, por exemplo, o caso do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre quem recaiu a decisão de deixar ou não o petista Luiz Inácio Lula da Silva assumir como ministro da então presidente, Dilma Rousseff.
A Operação Vaza Jato revelou que foi numa articulação de Deltan e Moro que vazou a tal conversa telefônica entre Lula e Dilma que causou uma verdadeira comoção nacional na época.
Divulgada de maneira descontextualizada, a conversa fez parecer que Lula e Dilma tramavam contra a República. Levou Gilmar a decidir pela proibição da posse do petista como ministro.
Se Lula tivesse tomado posse, não poderia ser preso por determinação de um juiz de primeira instância, como Moro, e a jurisdição sobre seu caso passaria ao STF.
No fundo, graças a Deltan, Moro e aos erros dos juízes e jornalistas que os seguiram, vivemos hoje uma enorme confusão institucional no país. Confusão esta que se volta agora contra o próprio Deltan.
São erros que não se apagarão facilmente, assim como os erros que vierem a ser cometidos pelos tribunais superiores na tentativa de desfazer o passado.
Não é possível simplesmente passar uma borracha utilizando-se de uma fórmula aritmética daquelas que aprendemos na escola primária: menos com menos dá mais. Erro com erro não dá um acerto.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.