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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No seu 3° mandato, esquerdista Lula empossará ministro conservador no STF

Colunista do UOL

21/06/2023 12h32

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Entre o amigo fiel e alguém com quem se identificasse ideologicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu prioridade à expectativa de fidelidade na escolha de seu primeiro indicado para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O advogado Cristiano Zanin, que defendeu Lula no processo da Lava Jato, deixou entre os senadores de diversos partidos — durante a sabatina nesta terça-feira, 21, e ao longo dos encontros que manteve nos últimos dias — a impressão de que sua proximidade com o petista não fez com que se aproximasse das ideias esquerdistas e progressistas do mandatário do Palácio do Planalto.

Zanin não chega a ser um conservador radical. É classificado como um advogado garantista, mas com ideias moderadamente conservadoras quando trata de temas ligados aos costumes. O presidente Lula surpreendeu os aliados no PT por ter indicado para o STF um advogado com perfil conservador.

Segundo os parlamentares petistas afirmaram reservadamente à coluna, a expectativa é que, no campo do direito, Zanin se comporte como um ministro garantista no Supremo, contrário, por exemplo, ao método de atuação do ex-juiz Sergio Moro à frente da Lava Jato. Mas, no campo dos costumes, os petistas preveem que ele atuará como um defensor das teses conservadoras no Supremo.

Essa avaliação foi compartilhada até mesmo por senadores aliados de Bolsonaro, inclusive os evangélicos. Mas estes chegaram a conclusões diversas: os bolsonaristas defensores da Operação lava Jato criticaram a nomeação de Zanin, mas aqueles que são contrários à forma como a Lava Jato evoluiu fixaram-se na concordância com as ideias conservadoras do novo ministro.

A divisão dos bolsonaristas entre esses dois grupos levou boa parte dos bolsonaristas a anunciar que aprovaria a indicação de Cristiano Zanin junto com os governistas.