Para o Planalto, depoimento de Moro não atingirá popularidade de Bolsonaro
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Estrategistas do Palácio do Planalto acham que o depoimento do ex-ministro Sérgio Moro pode complicar a situação criminal de Jair Bolsonaro - mas não abalará um milímetro sua popularidade.
A avaliação é de que o presidente já perdeu o apoio que tinha de perder com a saída de Moro do governo e as acusações de tentar interferir nas investigações da Polícia Federal. Para esses estrategistas, o episódio Moro apenas consolidou um processo que estava em curso - o do desgaste de Bolsonaro junto aos mais ricos e escolarizados, iniciado com a crise do coronavírus e a forma como o ex-capitão lidou com o assunto. "Entre os eleitores da classe média, quem tinha de ir já foi", diz um assessor.
Já entre os mais pobres, não apenas o inquérito baseado nas acusações de Moro teria pouco impacto, como a tendência seria de que nesse segmento Bolsonaro cresça cada vez mais. Aos trancos e barrancos, os 600 reais do auxílio emergencial começam a chegar às mãos dos necessitados e a encher despensas e geladeiras — no caso das regiões mais pobres, com fartura muitas vezes inédita, como mostram vídeos que começam a inundar a internet.
No universo das redes sociais, a estratégia para manter os apoiadores no barco bolsonarista tem surtido efeito. Depois do momentoso tombo no número de seguidores ocorrido após o discurso em que Moro expôs os motivos de sua saída do governo, os militantes digitais do bolsonarismo se reorganizaram. Ajudou-os na tarefa o pronunciamento que o presidente fez horas depois ao do ex-ministro da Justiça. Caótico, improvisado e visto como desastroso, o discurso provou-se eficiente no seu principal objetivo: dar munição para a tropa baqueada sair da lona e voltar para o ringue.
Nesse sentido, por inverossímil que pareça, o "argumento" que mais logrou efeito e se disseminou na internet foi a sugestão de que Moro — o "Judas", como o chamou o presidente em tuíte postado ontem—teria ajudado a abafar a investigação que pretendia encontrar "quem mandou matar Bolsonaro" em 2018. A tese é estapafúrdia e até o ex-capitão sabe disso.
A ideia de que o presidente foi vítima de um ministro traidor camuflado de herói — assim como a de que estava certo ao criticar a "histeria" do isolamento social— será repisadas à exaustão.
Contra as provas de Moro, as teses persecutórias de Bolsonaro.
Contra as imagens das UTIs transbordantes de moribundos em Manaus, as cenas de geladeiras cheias e de gente voltando ao trabalho.
Se não há como brigar a partir dos fatos, sempre restam as versões.
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