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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Chefes das três Forças apoiam determinação de Bolsonaro de ameaçar eleições

Colunista do UOL

22/07/2021 10h26

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Arthur Lira, diz O Globo, negou ter recebido um recado do ministro Braga Netto dizendo que sem voto impresso não haverá eleições em 2022, conforme revelou reportagem do Estadão de hoje. O próprio Braga Netto disse ser a apuração do jornal "uma invenção".

Tenha ou não o presidente da Câmara recebido a mensagem de Braga Netto, e admitindo ou não o ministro da Defesa as suas convicções, o fato é que não apenas o general apoia a ameaça de Jair Bolsonaro de impedir a realização da eleição presidencial caso não se implemente o voto impresso no Brasil — também os três comandantes das Forças estão alinhados com a determinação do presidente da República.

Os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica — general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o almirante de esquadra Almir Garnier e o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior— escoram esse apoio em dois argumentos, um pronto para consumo público e outro restrito às conversas militares privadas.

O argumento público é de que ao condicionar a realização das eleições à criação do voto impresso, as Forças Armadas não estariam se alinhando ideologicamente com Bolsonaro, mas sim, se empenhando em evitar um "grave conflito social" que poderá advir de uma eleição que tenha sua lisura questionada.

"Queremos eleições com resultados justos e verificáveis. Se isso não ocorrer, haverá confusão e a confusão cairá no colo dos militares", afirma um integrante da cúpula das Forças Armadas.

Em privado, porém, a conversa é outra —e ela cita explicitamente o ex-presidente Lula. Diz esse integrante da cúpula das Forças: "O sentimento dos militares — incluindo o dos três comandantes— é de que não irão conseguir fazer Lula subir a rampa do Palácio do Planalto de qualquer jeito". O petista é execrado por nove entre dez generais do Exército, com igual rejeição na Marinha e Aeronáutica.

À afirmação de que a mensagem de Braga Netto revelada pelo Estadão configuraria não um "alerta", mas um crime e uma ameaça institucional, a fonte militar responde apenas: "Cada um que entenda como quiser".

No último dia 8, Bolsonaro afirmou que não haverá eleições em 2022 se o Brasil não adotar o voto impresso. "As eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições". Ao contrário do que insinuou o presidente sem fundamentar sua afirmação, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas.