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Monitoramento mostra que bolsonaristas engoliram "discurso do estadista"
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"Bolsonaro arregou" e "Bolsonaro acabou" chegaram a ser as principais hashtags do Twitter depois que o presidente Jair Bolsonaro divulgou a carta em que recua dos ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Segundo monitoramento da consultoria AP Exata, no entanto, as críticas não se comparam, nem em volume e nem em persistência, às que Bolsonaro recebeu no episódio da saída do ex-juiz Sergio Moro do governo, em abril de 2020.
Na ocasião, a aprovação do presidente caiu 12 pontos e demorou dois dias para começar a se recuperar.
Desta vez, a queda foi de apenas 3 pontos e a recuperação começou ontem mesmo, a partir da live em que Bolsonaro pediu "calma" aos seus apoiadores e sugeriu que o "arrego" teria sido um ato de responsabilidade em prol do país, destinado a não prejudicar a economia.
O monitoramento da AP revela que boa parte dos bolsonaristas "comprou" o "argumento do estadista". As numerosas menções no Twitter à alta da bolsa e à queda do dólar reforçam a tese.
Quanto às razões que deram origem ao recuo do ex-capitão restam muitas dúvidas e poucas certezas.
As dúvidas: foi Bolsonaro quem procurou o ex-presidente Michel Temer para produzir a carta em que diz nunca ter tido "a intenção de agredir" nenhum Poder ou foi o contrário? Se foi o contrário, quem pediu a Temer que procurasse o presidente? E com que intuito?
As poucas certezas:
- Alexandre de Moraes tornou-se íntimo de Temer desde que, em 2016, como secretário da Segurança Pública de São Paulo, resolveu com discrição o caso do hacker acusado de roubar fotos sensíveis de Marcela Temer (o inquérito correu sob sigilo e o hacker foi preso em tempo recorde depois que 40 policiais à paisana cercaram sua casa e prenderam sua mulher quando ela levava o filho à creche).
- Diante dos ataques estimulados por Jair Bolsonaro contra Moraes, não apenas o ministro estava sob forte pressão como também sua família, e, em especial, sua mãe, temerosa pela integridade física do filho. A proteção do ministro e membros da sua família envolve hoje quase quarenta policiais, incluindo homens da Polícia Militar de São Paulo.
Em suma, a conversa de Temer com Bolsonaro e o que ela produziu pode ter sido um acordo costurado a partir de interesses vindos não de uma, mas de duas pontas. E sobre isso, não é demais lembrar que as vozes de políticos e partidos em defesa do impeachment, se já eram tímidas, estão inaudíveis de novo.
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