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Chefe da Anvisa, Barra Torres é o novo alvo da máquina bolsonarista
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Estados Unidos, Canadá, Argentina, União Europeia, Dinamarca, Suécia, Suíça, Finlândia, Inglaterra, China, Coreia do Sul e Austrália são apenas alguns dos países que analisaram, aprovaram e já estão aplicando vacinas anticovid em crianças, na maior parte dos casos a partir de 5 anos de idade.
No Brasil, que ainda não tem programa de vacinação infantil, 1.148 crianças de até 9 anos de idade morreram de covid-19 desde o início da pandemia. Assim como muitos dos cerca de 600 mil adultos que perderam a vida por causa da doença, parte dessas crianças poderia estar viva se tivesse sido imunizada.
Mas embora a Anvisa tenha aprovado na quinta-feira o uso infantil da vacina da Pfizer, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a "pressa é inimiga da perfeição" e que nada acontecerá antes de janeiro.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, contrário à imunização infantil, voltou a lançar dúvidas infundadas sobre a eficácia da medida e a acusar de irresponsabilidade a Anvisa por tê-la autorizado. "Criança é uma coisa muito séria. Não se sabe os possíveis efeitos adversos futuros. É inacreditável. Desculpa aqui o que a Anvisa fez".
A máquina bolsonarista de intimidação e disseminação de fake news já entrou em atividade: desde a manhã de hoje está divulgando não apenas nomes de funcionários da agência que participaram da aprovação do programa de imunização infantil como fotos também.
Agora, se prepara para concentrar esforços no presidente da Anvisa, o almirante Antonio Barra Torres, eleito o novo inimigo número 1 do bolsonarismo e já alvo de boatos de toda sorte.
Moer a reputação do almirante, porém, não será tarefa fácil: médico, Barra Torres mora num bairro modesto do Rio de Janeiro, tem hábitos igualmente modestos (para economizar dinheiro, costuma ir de ônibus de Brasília ao Rio), e, como ex-médico chefe do Marcílio Dias, o hospital da Marinha, é respeitado no meio militar, além de contar com a proteção, no governo, do almirante Flávio Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos — e, claro, ter mandato garantido na Anvisa até 2024.
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