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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Para virar, Bolsonaro precisa de "tempestade perfeita"

Jair Bolsonaro: para "virar", o presidente precisa, entre outras coisas, "converter" eleitores de Lula - Reprodução
Jair Bolsonaro: para "virar", o presidente precisa, entre outras coisas, "converter" eleitores de Lula Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

12/10/2022 04h00

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Esta é parte da newsletter da Thaís Oyama enviada ontem (11). Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista mostra a difícil combinação de circunstâncias que faria Jair Bolsonaro "virar" e ganhar de Luiz Inácio Lula da Silva. O texto traz ainda a coluna "Em off", que mostra a insatisfação de um influente empresário de São Paulo sobre o que ele considera ser uma "garantia paraguaia" que Lula está oferecendo à categoria quando trata da política econômica que adotará em caso de vitória. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Inscreva-se aqui.

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Para virar, Bolsonaro precisa de "tempestade perfeita"

Nunca, numa eleição presidencial no Brasil, o candidato que ficou em segundo lugar no primeiro turno ultrapassou e venceu o favorito no final.

Já nas eleições para governador, a história registra a ocorrência de 23 viradas nas 86 vezes em que houve segundo turno desde 1994.

Mas quantas dessas viradas aconteceram em cenários parecidos com o da disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL)?

O instituto Ideia fez um levantamento para responder à pergunta.

Segundo o trabalho, em 11 viradas (menos da metade das 23 ocorridas até hoje), o candidato que ficou em segundo lugar no primeiro turno tinha, em relação ao favorito, uma diferença igual ou superior a 5 pontos percentuais — a desvantagem de Bolsonaro para Lula apurada nas urnas.

E apenas num único caso (a derrota de Hélio Costa para Eduardo Azeredo na disputa pelo governo de Minas em 1994) um candidato que registrou no primeiro turno mais de 48% dos votos — a marca atingida por Lula— acabou perdendo para o segundo colocado no resultado final.

A difícil combinação de circunstâncias que favoreceria Bolsonaro

Viradas são fenômenos raros sobretudo porque o eleitor de candidatos que disputam o segundo turno tende a repetir seu voto —e não mudá-lo.

Assim, se todos os eleitores que votaram em Lula e Bolsonaro no último dia 2 repetirem sua opção, o presidente, para virar, precisará conquistar em torno de 75% dos 8,4 milhões de votos que Simone Tebet e Ciro Gomes tiveram juntos.

É uma porcentagem bem mais alta do que as pesquisas consideram possível.

O DataFolha divulgado na sexta-feira indicou que 29% dos eleitores que votaram em Tebet e 42% dos que votaram em Ciro dizem pretender votar em Bolsonaro agora. São números insuficientes para uma virada.

Matematicamente falando, para ter mais votos que Lula no segundo turno, Bolsonaro precisaria contar com uma "tempestade perfeita": 1) a migração massiva de votos dados à terceira via no primeiro turno para a sua candidatura; 2) uma alta taxa de abstenção no dia 29, e que incida majoritariamente sobre o eleitorado do seu adversário; 3) a "conversão" de um bom número de eleitores que votou em Lula no primeiro turno em eleitores de Bolsonaro.

Sendo essa uma difícil combinação de circunstâncias, a virada, hoje, continua improvável.

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