Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Incomodar é agora única forma que Bolsonaro tem de chamar atenção para si
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Mudo há mais de 40 horas, Jair Bolsonaro corre o risco de não ver ninguém na plateia quando finalmente resolver falar.
Chefes de estado de quase cem países já se manifestaram sobre a vitória de Lula, incluindo alguns que o ex-capitão tinha na conta de amigos pessoais.
O mesmo fizeram aliados do ainda presidente como o ex-ministro Ricardo Salles, o agora governador eleito Tarcísio de Freitas e o presidente da Câmara, Arthur Lira — este último com inaudita rapidez e eloquência.
Cada qual cuida da sua vida e estuda a melhor forma de se acomodar na nova situação. Bolsonaro já não interessa. Ou só interessa no que ainda pode incomodar.
E é desse trunfo — o que restou— que o ex-capitão faz uso irresponsável agora ao adiar o reconhecimento do resultado da eleição e assim deixar correr solta a escalada de vandalismo perpetrada por caminhoneiros.
Em Santa Catarina, o estado com maior número de bloqueios nas rodovias (39), desde ontem falta combustível nos postos. Escolas e universidades suspenderam as aulas presenciais e hospitais começaram hoje a cancelar cirurgias eletivas. Em São Paulo, o bloqueio de vias como a Marginal Tietê já afetou o funcionamento do aeroporto de Guarulhos, que registra atraso e cancelamento de voos.
Mesmo que a partir de agora, sob ordem judicial, a Polícia Rodoviária Federal deixe de fazer corpo mole e cumpra a sua obrigação, os transtornos para a população não cessarão de imediato, para não falar da violência.
Em municípios catarinenses como Blumenau, caminhoneiros estão reagindo à tentativa de desobstrução das rodovias ateando fogo a pneus e despejando barro em avenidas de acesso à cidade.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro, tal e qual uma criança contrariada por perder um brinquedo, tranca-se no quarto tramando vinganças pueris com seus soldadinhos de chumbo.
Bolsonaro é desde domingo um ex-presidente na prática. Não interessa mais para o mundo, nem para aliados. No Palácio cada vez mais vazio, verá seu café esfriar e o celular silenciar.
Passará a receber até más notícias. Os asseclas que até há pouco se atropelavam para ver quem levava ao chefe mais fake news do tipo auspicioso agora não se darão ao trabalho de dourar a pílula.
Bolsonaro não interessa mais. O problema, para o Brasil, é que ele ainda tem dois meses para tentar lembrar que existe.
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