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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula indicará não dar a mínima para a reputação de Haddad se negar imposto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Reprodução/BTG Pactual
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Imagem: Reprodução/BTG Pactual

Colunista do UOL

27/02/2023 11h20

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Se, na reunião que acontece hoje, o presidente Lula decidir restabelecer os impostos federais sobre os combustíveis, a gasolina, hoje vendida ao preço médio de R$ 5,07, poderá subir para até R$ 5,75 o litro.

Se, no entanto, a decisão do presidente for de prorrogar novamente a desoneração, isso significará que o governo continuará a ver escoar pelo ralo R$ 3 bilhões por mês — valor que os cofres públicos vêm perdendo desde o ano passado, quando Jair Bolsonaro suspendeu a cobrança do PIS/Cofins sobre a gasolina com a finalidade de estancar a subida dos preços e o derretimento da sua popularidade.

Significará também que o governo ficará ainda mais longe de atingir a meta de déficit primário próximo de R$ 100 bilhões em 2023, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em janeiro.

E significará ainda que Lula não dá a mínima para a reputação de seu ministro, duas vezes desautorizado por ele no curto espaço de dois meses de governo— primeiro em janeiro, data em que Haddad já pretendia retomar a taxação federal sobre os combustíveis, e depois no começo deste mês, quando o presidente questionou a autonomia do Banco Central, defendida pelo ministro.

O tuíte publicado na sexta pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenando a reoneração neste momento e atribuindo "ao golpe" a política de preços de combustíveis, pode ser lido como uma terceira, e indireta, desautorização de Lula ao seu ministro — é sabido que Gleisi não costuma se contrapor ao chefe.

Lula já negou Haddad três vezes.

Uma demonstração de apoio ao ministro neste momento serviria não para agradar os agentes econômicos, como sugere parte do PT, mas para que os agentes econômicos acreditem no ministro da Fazenda.

E voltem, por exemplo, a projetar uma inflação menor para os próximos anos — a última edição do relatório Focus, divulgada hoje, mostra que nem os juros altos estão sendo capazes de reduzir a expectativa de aumento do índice.

Mas, como diz um desses agentes, só uma coisa é tão certa quanto a morte e os impostos: "Não existe ministro da Fazenda fraco por quatro anos". Lula ainda tem tempo de fortalecer o seu.