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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Debate sobre "nome social" no RG é sonho do bolsonarismo e pesadelo para PT

O deputado Nikolas Ferreira, em performance transfóbica na Câmara  - Reprodução
O deputado Nikolas Ferreira, em performance transfóbica na Câmara Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

11/04/2023 12h48

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Foi um decreto do governo Jair Bolsonaro o responsável por definir que o modelo do documento que vai substituir o novo RG dos brasileiros até 2032 exibirá o "nome social" do portador que assim o desejar, além do campo "sexo".

O nome social, frequentemente usado por pessoas trans, por exemplo, é aquele adotado e não recebido no nascimento.

Ontem, o governo Lula criou um grupo de trabalho para rediscutir o modelo da nova carteira, já que, para ativistas, a inclusão de um "nome social" num documento de identidade pode expor e constranger pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico. Em vez de terem um único nome na carteira, elas teriam dois — sendo, provavelmente, um masculino e outro feminino.

A volta do assunto ao noticiário, agora trazido à luz pelo governo do PT, é tudo o que deseja o bolsonarismo.

Para esse grupo, não importa o fato de o projeto original trazer, junto da ideia da inclusão do "nome social" nas carteiras de identidade, a assinatura do ex-presidente Bolsonaro, notório adversário das mudanças pautadas por questões de gênero.

Qualquer discussão sobre sexo, armas, aborto e drogas beneficia o bolsonarismo porque, do ponto de vista eleitoral, a pauta de costumes é um ativo da direita e um fardo para a esquerda.

Do lado da direita, os temas têm o potencial de atrair conservadores não ideológicos de todos os segmentos sociais, religiosos e etários. Já a esquerda, ao abordá-los, consegue apenas potencializar sua rejeição junto a esses mesmos grupos.

No resumo de um especialista em comunicação: a direita pode usar a pauta de costumes para atrair eleitores, o PT não deve fazer uso dela sob pena de perdê-los.

Não foi por outro motivo, que não o de ter chegado à mesma conclusão por pesquisas próprias, que o PL elevou à condição de estrela o deputado Nikolas Ferreira, o parlamentar de 26 anos cotado para presidir o PL Jovem que, em sua mais recente performance no plenário da Câmara, usou uma peruca loira para afirmar que se "sentia" mulher e atacar as pessoas trans.

Com parlamentares como Nikolas Ferreira, o PL planta agora para colher em 2026.

Em qualquer que seja o mercado, nada é mais promissor do que investir no consumidor do futuro.