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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Defesa diz que situação de Bolsonaro melhorou, mas Cid está "enrascado"

Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro  -  Foto: Alan Santos / PR/
Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro Imagem: Foto: Alan Santos / PR/

Colunista do UOL

04/05/2023 11h51

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Jair Bolsonaro pode ser preso?

Pode, mas dificilmente agora.

O fato de o ex-presidente não ter sido incluído ontem na lista dos acusados que tiveram a prisão preventiva decretada, afirmam criminalistas, pressupõe que a Justiça não viu no seu caso "periculum in mora" — ou seja, não viu "perigo na demora" que a tomada de uma eventual decisão judicial, como a suspensão da sua liberdade, pudesse acarretar às partes envolvidas.

Para o professor e criminalista Celso Vilardi, apenas uma tentativa de ocultar provas, coagir testemunhas ou dificultar o andamento do processo penal poderia incluir Bolsonaro no rol dos presos neste momento. Vilardi integra o conjunto de criminalistas que questiona a propriedade da relatoria do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no inquérito e mesmo a competência do STF no caso .

A defesa de Jair Bolsonaro acredita ter terminado o dia de ontem melhor do que começou.

Na visão de um dos integrantes, a equipe teria conseguido "construir um muro" jurídico em torno do ex-presidente com a tese de que ele 1) na condição de chefe de estado, não precisaria apresentar prova de vacinação para entrar nos Estados Unidos; e 2) como alguém que sempre afirmou não ter tomado a vacina contra a covid, não lhe interessaria ter um documento atestando o contrário — algo que o faria ser visto por apoiadores como "um traidor". Bolsonaro, portanto, não seria beneficiado pelo suposto crime, segundo essa linha de defesa.

Para o mesmo estrategista, porém, ao contrário do que ocorre com Bolsonaro, a situação dos outros envolvidos piorou. O tenente-coronel Mauro Cid, por exemplo, estaria "enrascado", nas palavras desse defensor, para quem a suposta falsificação dos cartões de vacinação configurou "uma ação isolada" do militar.

A estratégia de responsabilizar o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro para poupar o próprio já havia sido sugerida na entrevista de ontem em que o ex-presidente disse não ter havido fraude nos cartões de vacinação — "da minha parte".

A pedido do ex-presidente, assessores tentarão visitar o militar hoje na cadeia.