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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Imagens atribuídas a projeto anti-homofobia não foram entregues a escolas

Laço vermelho, símbolo da luta contra a Aids, na fachada de prédio do Ministério da Saúde, em Brasília, em 2015 - Arte/UOL
Laço vermelho, símbolo da luta contra a Aids, na fachada de prédio do Ministério da Saúde, em Brasília, em 2015 Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

10/09/2018 20h29

Circulam nas redes sociais imagens de um material informativo sobre doenças sexualmente transmissíveis que ilustram práticas sexuais. Elas são apontadas como parte do projeto Escola sem Homofobia, elaborado pelo MEC (Ministério da Educação), vetado pelo governo federal em 2011 e chamado pejorativamente de “kit gay” por críticos. Tal informação não procede. As imagens não fazem parte de material do MEC nem foram distribuídas em escolas.

Uma das postagens enganosas, publicada no Facebook pela página “Lava Jato Notícias” em 27 de agosto de 2018, diz que a cartilha foi elaborada durante a gestão do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), que comandou o órgão de 2005 a 2012. Haddad é candidato a vice-presidente na chapa do PT.

Por meio de uma busca reversa desta imagem no Google, o projeto Comprova descobriu que ela foi retirada de um post do blog “Apocalink”, de 22 de maio de 2011. Este, por sua vez, publicou as ilustrações em preto e branco, com informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, e disse que o material seria distribuído em escolas pelo Ministério da Saúde, o que não ocorreu.

Os desenhos foram retirados de uma cartilha produzida, de fato, pelo Ministério da Saúde sobre prevenção das IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e do HIV, mas utilizada para capacitação de profissionais que trabalham com redução de danos com usuários de álcool e outras drogas, principalmente injetáveis. De acordo com o ministério, este material nunca foi destinado a escolas.

Segundo o CrowdTangle, ferramenta de análise das redes sociais, a postagem enganosa do "Apocalink" teve 2,7 mil interações (reações, comentários e compartilhamentos) no Facebook. Também há registros do mesmo conteúdo falso em grupos no Facebook e em correntes do WhatsApp.

O site "Boatos.Org" também verificou essa peça de desinformação.

Agora o material foi verificado pela agência “AFP”, pelo “Poder360” e pela revista “Nova Escola”, além do UOL, do “Jornal do Commercio”, todos integrantes do projeto Comprova.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.