Tuíte atribuído a Xuxa é falso; PF ferida por Jefferson não estava grávida
É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. Um tuíte atribuído à apresentadora Xuxa Meneghel sobre o caso também é falso, de acordo com apuração do Comprova e informações fornecidas pela assessoria da artista à reportagem. Karina não estava grávida e teve ferimentos leves por estilhaços de vidro do para-brisa da viatura, atingido pelo explosivo no último dia 23 de outubro.
Conteúdo investigado: Uma publicação no Facebook mostra um suposto tuíte atribuído à apresentadora Xuxa, no qual ela teria prestado solidariedade a uma policial federal ferida durante operação para a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB). Segundo a peça de desinformação, a agente de segurança estaria grávida e teria perdido o bebê após o conflito com o ex-parlamentar. "Até quando, irmão evangélicos (sic), vai continuar insistindo em seguir um governo desumano desses. Romanos 1:32 não somente que faz, mas também quem consente", escreve o perfil que fez a postagem no Facebook.
Onde foi publicado: Facebook e Instagram.
Conclusão do Comprova: É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. A Polícia Federal (PF) negou que a policial estivesse grávida. Karina de fato fazia parte da equipe da PF que foi atacada por Roberto Jefferson, mas ela teve apenas ferimentos leves.
Também é falso que a apresentadora Xuxa Meneghel tenha publicado um tuíte alegando que a agente de segurança teria perdido o suposto bebê em decorrência das ações do ex-parlamentar que resistiu à prisão. Uma busca avançada no perfil de Xuxa no Twitter não mostra resultados para as expressões utilizadas na peça alvo da checagem. Ao Comprova, a assessoria de imprensa da artista negou que ela tenha publicado tal conteúdo.
A postagem já recebeu do Facebook o selo de "informação falsa", com base em checagens feitas por verificadores independentes, mas a publicação continua acessível na plataforma. O Facebook recomendou ainda aos usuários que acessem o site da Justiça Eleitoral para encontrar informações oficiais sobre as eleições de 2022 e disponibilizou link para o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: No Facebook, a peça alvo da checagem tinha 620 reações, 572 comentários e 623 compartilhamentos até o dia 25 de outubro de 2022.
O que diz o responsável pela publicação: O Comprova enviou mensagem ao perfil que publicou o tuíte falso de Xuxa, mas não obteve resposta até a publicação deste material.
Como verificamos: O Comprova entrou em contato com fontes oficiais da Polícia Federal tanto do Rio de Janeiro, quanto de Brasília, para checar a informação de que a policial federal Karina de Oliveira estava na viatura atacada por Roberto Jefferson. Durante o contato, também checamos se a agente estava grávida, o que foi negado pelo órgão. Depois, entramos em contato com a assessoria de imprensa de Xuxa.
Xuxa não fez postagem sobre o caso
Em seu perfil no Twitter, a última atualização feita pela apresentadora foi no dia 18 de outubro, ou seja, quase uma semana antes do ocorrido, no dia 23 de outubro.
A equipe da apresentadora confirmou que a mensagem não foi publicada originalmente no perfil de Xuxa. "Fake. Xuxa não fez esse post", foi a resposta enviada ao Comprova.
Além disso, a foto do perfil do Twitter atribuído a Xuxa, utilizada na montagem que está sendo compartilhada, não condiz com a atual foto utilizada pela apresentadora no seu perfil na rede social.
PF nega que policial ferida estivesse grávida
Karina de Oliveira não estava grávida, logo, não perdeu nenhum filho por conta dos ferimentos. A informação não consta em nenhum boletim de ocorrência e foi negada por fontes oficiais da PF.
A agente foi ferida na cabeça e em outras partes do corpo por estilhaços de vidro do para-brisa, que foi atingido por uma granada lançada por Roberto Jefferson, segundo a PF. Karina foi prontamente atendida e teve ferimentos leves. Ela foi levada para um hospital da região e recebeu alta no mesmo dia.
Roberto Jefferson é indiciado por tentativas de homicídio
Karina não foi a única a ser ferida no episódio. O delegado federal Marcelo Vilella também estava na viatura e foi atingido por estilhaços. O policial teve ferimentos sem gravidade e recebeu atendimento no mesmo hospital que Karina.
Roberto Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio, duas pelo ataque aos policiais Karina e Marcelo e outras duas relacionadas a agentes que estavam numa viatura, mas que não chegaram a ser atingidos.
O caso aconteceu no dia 23 de outubro, em Levy Gasparian, município que fica no interior do estado do Rio de Janeiro, onde mora Jefferson. Agentes da PF foram até a residência do político para cumprir ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foram atacados pelo ex-deputado com granadas e um fuzil.
Jefferson se entregou depois de oito horas de descumprimento da decisão do STF. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), ele teve a prisão mantida nesta segunda-feira (24), por determinação da Justiça, e foi levado para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.
O ex-deputadoé investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa (milícia digital) que teria agido com o intuito de provocar um atentadocontra o Estado Democrático de Direito. Jeffersonvinha cumprindo prisão domiciliar e estava proibido de usar as redes sociais. No entanto, na última semana, ele apareceu em um vídeo nas redes proferindo xingamentos contra a ministra do STF Cármen Lúcia, reclamando de uma decisão judicial tomada por ela.
Autora da postagem é advogada e filiada ao PT
Maria Aparecida Vieira de Lima tem 52 anos e nasceu em Inajá, Pernambuco. É advogada inscrita na subseção da OAB da cidade de Santo André, na Grande São Paulo. Em seu perfil no Instagram, consta que possui PhD em Teologia, Pós-graduação em Direito Constitucional, em Direito Eleitoral e Prática Previdenciária. Tem aulas online gravadas sobre religião e política. Nas eleições municipais de 2020, a advogada concorreu pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para o cargo de vereadora da cidade de Santo André, utilizando o nome de Pastora Maria Aparecida.
De acordo com a Justiça Eleitoral, Maria Aparecida é filiada ao PT desde 2018.
Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.
Outras checagens sobre o tema: Em checagem recente o Boatos.org desmentiu que a policial federal atingida na ocasião estivesse grávida, assim como o portal G1. A agência Reuters também já confirmou que a postagem que está sendo compartilhada não foi feita por Xuxa. O Comprova já mostrou ser montagem um tuíte atribuído a Jair Bolsonaro (PL) com menção de acabar com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, que é falso que Lula tenha defendido o uso de mentiras na política e que sinal de "L" feito por traficantes não é referência ao petista e, sim, saudação de facção que atua no Rio de Janeiro.
Este conteúdo foi investigado por O Povo, SBT, JC e CNN Brasil. A investigação foi verificada por Correio Braziliense, Correio, Alma Preta, Poder 360, Plural, Folha, Piauí, A Gazeta, Grupo Sinos e Metrópoles. A checagem foi publicada no site do Projeto Comprova em 25 de outubro de 2022.
O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.
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