Bolsonaro erra ao comparar tragédias de chuvas em Petrópolis
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, errou ao comparar os números de vítimas de tragédias climáticas ocorridas na cidade de Petrópolis (RJ) durante sua live semanal, nesta quinta-feira (18).
Ele deu declarações imprecisas após comentar a visita que fez na tarde de hoje à sede do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), em São José dos Campos (SP).
Tivemos há pouco mais de dez anos um desastre em Petrópolis. Não teve a participação do Cemaden. Morreram centenas de pessoas. Tivemos um outro no ano passado, já com a participação do Cemaden, com sinais de alerta, e apesar de ter chovido muito mais do que há dez anos, o número de vítimas foi dez vezes menor.
Desastre no RJ. Em janeiro de 2011, um temporal caiu sobre a Região Serrana do Rio deixando 918 mortos nas cidades de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Em Petrópolis, foram 73 vítimas. A cidade mais afetada foi Nova Friburgo, onde 426 pessoas morreram. A tragédia ficou conhecida como a maior catástrofe climática do país.
Já em 2022, as chuvas que assolaram a cidade de Petrópolis deixaram 233 mortos, a maior quantidade de vítimas em toda a história do município, ou seja, três vezes mais que em 2011.
Mesmo que Bolsonaro estivesse se referindo ao número total de vítimas na Região Serrana em 2011 (918), o número de mortos em Petrópolis seria cerca de quatro vezes menor e não dez, como afirmou.
Tragédia de 2022. Bolsonaro errou também o ano em que aconteceu o desastre.
As fortes chuvas que assolaram a cidade de Petrópolis deixando mais de 200 mortos aconteceram em fevereiro de 2022, e não em 2021. O volume de chuva registrado em 24h foi o maior em 90 anos, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). O Cemaden emitiu alerta de "chuvas isoladas podendo deflagrar deslizamentos pontuais" dois dias da tragédia.
As afirmações, portanto, são imprecisas. O UOL Confere usa o selo impreciso para alegações que trazem dados próximos da realidade, mas que são inexatos, ou para alegações sem contexto suficiente para a compreensão correta do assunto.
Monitoramento. O Cemaden foi criado em julho de 2011 para monitorar ameaças naturais em municípios vulneráveis. Mas tem tido constantes reduções orçamentárias desde a sua criação. Em 2021, o órgão recebeu a menor verba da sua história: R$ 17,9 milhões. O valor teve recomposição em 2022 e chegou a R$ 23,6 milhões.
O diretor do órgão, Osvaldo Moraes, revelou em junho ao colunista do UOL Carlos Madeiro que 70 estações hidrológicas de R$ 100 mil que reforçariam o monitoramento das chuvas e a variação do volume dos rios estão encaixotadas sem uso, na sede do centro, há oito anos.
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