Desembargador não se referia a petista ao falar em 'má qualidade' da vítima
É falso que a declaração do desembargador Benjamin Acácio, do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná), sobre "má qualidade" da vítima se referia ao petista Marcelo Arruda, assassinado em 2022 pelo bolsonarista Jorge Guaranho.
A fala é verdadeira, mas aconteceu em julgamento de um habeas corpus envolvendo outro caso, o do assassinato de um ex-policial civil também em 2022.
O que diz o post
Vídeo do desembargador Benjamin Acácio concedendo um habeas corpus e dizendo que "a ordem deve ser conhecida e neste caso, deferida, em face da má qualidade da vítima, ela realmente era uma pessoa nefasta na sociedade" é compartilhado com os seguintes comentários: "Segundo esse desembargador ser petista é ser de má índole e a sociedade pode matar pra fazer uma limpeza social", e "Desembargador Benjamin Acácio, do TJPR, concede HC pois, para ele, o petista Marcelo Arruda, morto por bolsonarista, era "pessoa de má qualidade... pessoa nefasta na sociedade.. Da forma errada, injusta, indevida, mas que a consciência coletiva aceita de uma forma mais abrandada".
No recorte usado na publicação desinformativa não é possível identificar a quem ele se refere.
Por que é falso
Caso analisado não era de petista assassinado por bolsonarista. O homem que aparece no vídeo é, de fato, o desembargador Benjamin Acácio, mas o julgamento não era sobre a morte do petista Marcelo Arruda. As declarações de Acácio no vídeo são sobre o assassinato do ex-policial civil José Augusto Paredes. Ele foi morto pelo investigador aposentado Ninrod Jois Santi Duarte em 2022. A fala do desembargador sobre a "má qualidade" da vítima aconteceu em 2023 e repercutiu na imprensa na época (veja aqui e aqui).
Desembargador disse que petista era "ser humano violento". Benjamin Acácio chegou a dar declarações polêmicas sobre o caso, mas foram outras. Ele defendeu a liberdade do réu Jorge Guaranho e o trancamento do caso em setembro deste ano. O desembargador disse que o bolsonarista atuou em legítima defesa e que não deveria ter sido apresentada denúncia. Segundo Acácio, o petista era uma pessoa arrojada e um "ser humano violento" (aqui e aqui). O habeas corpus foi concedido e Jorge Guaranho passou a cumprir prisão domiciliar (aqui).
Assassinato em festa de aniversário do PT. Marcelo Arruda foi morto em julho de 2022 quando comemorava o aniversário em Foz do Iguaçu com uma festa temática do PT. Guaranho invadiu a festa aos gritos de "Bolsonaro" e "mito", segundo relataram testemunhas. O homem ameaçou os presentes e saiu. Depois, ao reencontrar Arruda, atirou no aniversariante, que também estava armado e revidou, mas não sobreviveu.
Viralização. No Instagram, um vídeo com o conteúdo desinformativo registrava mais de 3.000 curtidas.
Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos.
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