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Covid: Pazuello engana ao dizer que tratamento precoce salvaria vidas

22.ago.2022 - Ex-Ministro da Saúde e candidato a Deputado Federal, Eduardo Pazuello (PT) defende tratamento precoce sem eficácia comprovada contra a covid-19 - Arte/UOL sobre Reprodução/Kwai
22.ago.2022 - Ex-Ministro da Saúde e candidato a Deputado Federal, Eduardo Pazuello (PT) defende tratamento precoce sem eficácia comprovada contra a covid-19 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Kwai

Do UOL, em São Paulo

22/08/2022 17h45

Ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro e candidato a deputado federal, Eduardo Pazuello (PL-RJ), disse que milhares de mortes poderiam ter sido evitadas no país se o "tratamento precoce" fosse adotado contra a covid-19. A declaração, dada em entrevista ao Cara a Tapa no dia 15 de agosto, é falsa. Os medicamentos previstos no tratamento não têm eficácia comprovada, segundo a Associação Brasileira de Medicina.

Viralização. O conteúdo viral, publicado primeiramente no Kwai e depois repostado no Facebook no dia 17, acumulou mais de 30 mil interações até essa segunda-feira (22).

O que disse Pazuello?

Então, não quer dizer que você tenha ou tinha um antiviral, mas você tinha medicamentos, que você precisava tomar o mais rápido possível para evitar que você tivesse um problema de coração, para evitar que o seu pulmão tivesse todo contaminado, para evitar que você tivesse uma trombose e morresse. Como os políticos de oposição negaram isso ao povo brasileiro, cara. Como eles negaram que os nossos mais humildes fossem tratados e recebessem esses remédios. Que não tivessem doença de coração, de pulmão, ou de trombose. Simplesmente para dizer que era contra o tratamento precoce, que absurdo, cara. As pessoas mataram milhares de brasileiros porque não tiveram o tratamento necessário, porque os médicos tiveram medo de prescrever, porque os pacientes ficaram com medo de procurar os médicos. Por uma narrativa mentirosa. (...) O médico tem que dar o que tem na mão pra salvar aquela pessoa e na televisão todo dia dizia que o tratamento precoce mata".

Anvisa tinha aprovado remdesivir 11 dias antes de Pazuello deixar cargo no Ministério

A alegação de Pazuello de que, durante o período dele como ministro, entre 16 de maio de 2020 e 23 de março de 2021, não havia antiviral contra a covid-19 é falsa.

Em 12 de março de 2021, 11 dias antes do candidato deixar o o cargo, a Anvisa aprovou o primeiro antiviral para tratar pacientes hospitalizados com a covid-19: o remdesivir, que até então era usado para tratar o ebola.

A OMS chegou a contraindicar o uso do fármaco para tratar a doença, porque pesquisas demonstraram pouco ou nenhum efeito em pacientes hospitalizados. A organização, no entanto, revisou seu entendimento e passou a recomendar a droga, em abril de 2022, para casos leves ou moderados de pacientes com alto risco de hospitalização, após analisar dados de cinco novos ensaios clínicos com 2.700 pacientes.

"Kit covid" não teria prevenido mortes

Ao contrário do que disse o ex-ministro em entrevista no YouTube, nenhum estudo científico sólido comprovou que drogas como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina evitavam mortes ou impediam a infecção, como já verificado pelo UOL Confere.

Vitamina C, vitamina D, zinco, o antiparasitário nitazoxanida e o anti-inflamatório colchicina também chegaram a ser recomendados por médicos com a falsa promessa de que evitavam ou curavam a covid-19. Nenhum deles tem a eficácia comprovada contra a doença e o uso das substâncias não supervisionado pode causar, inclusive, danos à saúde.

Vacina é a principal forma de prevenção contra covid-19 grave

A vacina contra a covid-19 não impede a infecção pelo coronavírus, mas é consenso entre os especialistas da área que as doses do imunizante são primordiais para diminuir a gravidade do quadro.

Os dados do consórcio de veículos imprensa, do qual o UOL faz parte, mostram como a vacinação foi essencial para diminuir a taxa de hospitalizações e mortes desde o início da pandemia no país. A média móvel diária de óbitos no país chegou a 3.000 em abril de 2021, mas caiu pouco a pouco com o avanço da campanha de imunização. Hoje está em 109.

Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda:

  • Idosos com mais de 60 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial + segunda dose de reforço quatro meses depois da primeira dose de reforço;

  • Adultos entre 18 e 59 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial;

  • Adolescentes entre 12 e 17 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial;

  • Crianças de 5 a 11 anos: esquema com duas doses.

A declaração do ex-ministro também foi checada pelo Aos Fatos.

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