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Video erra dados do Datafolha para desacreditar 2º lugar de Bolsonaro

08.set.2022 - O Datafolha não errou o resultado das eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro protagonizou a disputa com Fernando Haddad - Arte/UOL sobre Reprodução Facebook
08.set.2022 - O Datafolha não errou o resultado das eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro protagonizou a disputa com Fernando Haddad Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Facebook

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

22/09/2022 12h47

Uma publicação que conta com mais de 64 mil visualizações no Facebook usa informações falsas sobre pesquisas eleitorais do Datafolha para desacreditar os levantamentos em que o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, aparece atrás do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O que diz a publicação? No post, publicado em 4 de setembro, um internauta que mantém uma página conservadora de apoio ao presidente Bolsonaro diz que o mandatário está atrás de Lula nos levantamentos porque as pesquisas foram contratadas pela TV Globo.

"Quem contrata as pesquisas Datafolha, normalmente? As últimas? A Rede Globo, totalmente opositora a Bolsonaro. Então, somente aqueles que são fãzinhos do Lula que vão se apegar a isso", disse.

Na sequência, ele afirma que, se as pesquisas do instituto fossem verdadeiras, "[Fernando] Haddad [PT] seria presidente [em 2018] pelo Datafolha. Manuela [D'Ávila] também seria governadora [2018] ou prefeita [2020], e Dilma, senadora [2018]".

Por que a informação é falsa? A publicação erra informações sobre as pesquisas do Datafolha. O instituto não foi contratado somente pela TV Globo nos dois levantamentos realizados desde o início da campanha, divulgados em 18 de agosto e em 1 de setembro. O jornal Folha de S.Paulo também participou como financiador das rodadas.

Além disso, o Datafolha não errou o resultado das eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro protagonizou a disputa com Fernando Haddad.

Naquele ano, de todas as rodadas de pesquisas, Bolsonaro aparece atrás de Haddad no segundo turno somente na divulgada em 28 de setembro, quando o petista aparecia com 45%. Bolsonaro, à época no PSL, somava 39% no referido levantamento. Nos demais, o atual presidente figurou à frente ou empatado tecnicamente com o então candidato do PT.

O mesmo movimento aconteceu nas simulações de primeiro turno. Haddad nunca esteve à frente de Bolsonaro nas pesquisas divulgadas pelo Datafolha.

Em relação a Manuela D'Ávila, a informação também é falsa. Ela disputou um cargo executivo somente para prefeitura de Porto Alegre, em 2020, e não para governo gaúcho, em 2018. No pleito municipal, não existe registro de pesquisas do Datafolha para o Rio Grande do Sul no TSE. O próprio Datafolha afirmou em 2020 que não havia feito pesquisas na capital gaúcha para rebater uma pesquisa falsa que circulava na época.

É verdadeiro apenas que Dilma Rousseff apareceu em primeiro lugar na disputa pelo Senado em Minas Gerais. As duas vagas do estado, no entanto, foram preenchidas por Rodrigo Pacheco (DEM), que aparecia em segundo lugar nas pesquisas, e Carlos Viana (PHS), que vinha em terceiro. Dilma ficou em 4º lugar.

As pesquisas eleitorais não têm como objetivo acertar os resultados, mas representar a escolha dos eleitores em um determinado momento da disputa.

Procurado pelo UOL Confere, o Datafolha afirmou que neste ano, Globo e Folha são os contratantes dos levantamentos para presidente e governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. "O Datafolha adota a política de realizar pesquisas eleitorais somente para grupos de comunicação que tornam públicos seus resultados, e não realiza esse tipo de levantamento para partidos ou grupos políticos", diz o instituto. "Os contratantes das pesquisas não têm ingerência sobre resultados, metodologias, normas de atuação, controle de qualidade e outros procedimentos técnicos que cabem somente ao Datafolha, instituto que atua há quase quatro décadas no setor de pesquisas de mercado e opinião pública, atendendo clientes diversos ao longo de todo o ano, e não somente em períodos eleitorais."

Repercussão. A publicação está no ar desde 4 de setembro de 2022 e conta com 64 mil visualizações. A postagem ainda contabiliza 11 mil reações e 1,3 mil comentários.

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