Eleições 2022: Totalização dos votos não ocorre em sala secreta; entenda
Ao contrário do que dizem notícias falsas que circulam nas redes sociais e já foram repetidas inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a totalização dos votos nas eleições brasileiras não é feita em uma sala secreta. Na verdade, o trabalho é realizado em dois espaços distintos: a Seção de Totalização e Divulgação dos Resultados e a sala-cofre, localizados na STI (Secretaria de Tecnologia da Informação), em um prédio anexo à sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília.
Vinte funcionários trabalham na Seção de Totalização e Divulgação dos Resultados, que não é um local secreto, como mostrou a colunista do UOL Carolina Brígido. A equipe desenvolve o programa de totalização dos votos e fiscaliza o funcionamento dos softwares não só no dia da votação, mas também antes da eleição.
Os sistemas que totalizam os votos são sistemas lacrados em cerimônia pública no dia da lacração [das urnas]. Esses sistemas uma vez lacrados eles não podem ser alterados. E se for alterado, é possível identificar uma alteração porque existem mecanismos de controle criptográfico pra isso. Então as pessoas não tem poder nem para alterar o sistema, tampouco alterar o voto"
Alberto Cavalcante, chefe do setor de totalização e divulgação de resultados, em entrevista a Carolina Brígido
O espaço pode receber a visita de qualquer pessoa, desde que devidamente identificada na portaria no TSE. Ali, no dia da eleição, integrantes de partidos, membros do Ministério Público e de entidades fiscalizadoras podem acompanhar o funcionamento do sistema na totalização dos votos. O acesso segue as diretrizes de segurança do TSE.
"O acesso à sala é restrito pelos protocolos de segurança do próprio tribunal. O pessoal precisa passar pela portaria, se identificar. No dia da eleição, a segurança do tribunal, como um todo, é reforçada —não especificamente essa sala— justamente pra evitar o acesso de pessoas não autorizadas ou pelo menos que não sejam identificadas, e essa sala está neste perímetro de segurança do próprio tribunal", disse Cavalcante.
A sala-cofre
O outro espaço é a sala-cofre, que tem acesso restrito e segurança reforçada. É neste local que ficam armazenados computadores com dados sensíveis, como o cadastro nacional de eleitores, o registro e a prestação de contas dos candidatos, além de cópias dos programas informatizados usados nas urnas eletrônicas. Ao todo, há 90 computadores na sala-cofre, conforme o TSE.
Somente três servidores têm acesso ao local. É preciso passar por cinco portas codificadas, que só se abrem quando a anterior estiver lacrada. Nas duas últimas, o acesso só ocorre após a leitura de digitais de dois destes funcionários de forma simultânea —além de terem que passar um crachá específico, informa o TSE. No dia da eleição, ninguém fica nesta sala, apenas os servidores encarregados da manutenção das máquinas entram no local se necessário.
Também é preciso utilizar uma chave que fica guardada em um segundo cofre, também com entrada restrita.
Proteção. A sala-cofre é à prova de fogo, gases corrosivos, água, explosão, armas de fogo e até mesmo de pequenos terremotos. O espaço possui ainda certificados contra calor, umidade, fumaça, arrombamento, acesso indevido, sabotagem, impacto, pó e magnetismo.
"O espaço tem sistema de ar-condicionado que mantém a temperatura em 18ºC e verifica constantemente a presença de fumaça. Em caso de incêndio, um gás extintor especial é expelido no ambiente, sem que haja qualquer dano aos computadores", explica o TSE. O local é monitorado diariamente 24 horas por pelo menos três pessoas.
Contagem pública e auditável. Ainda que haja a totalização dos votos —a contagem geral— esteja concentrada em dois espaços, um deles de acesso restrito, isso não significa que a contagem de votos não seja pública ou auditável. Os dados da contagem de cada urna são divulgados por um boletim impresso em cada seção logo após o término da votação —o boletim também é entregue aos fiscais das agremiações partidárias. Além disso, há um processo de auditoria das urnas sendo realizado desde o ano passado e que é acompanhado por entidades fiscalizadoras.
Uma série de matérias do UOL Confere explica a contagem de votos, a auditoria das urnas e outros detalhes do processo eleitoral. Confira:
- Quem fiscaliza o processo eleitoral no Brasil?
- Auditoria das urnas eletrônicas começou em 2021; veja próximos passos
- Como é feita a contagem de votos?
- Eleições terão seis modelos de urna eletrônica; conheça cada um
*Com informações da coluna de Carolina Brígido de 27 de agosto de 2022.
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