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Publicação falsa sobre proibição do comunismo na Áustria volta a circular

07.fev.2023 - Post com afirmações falsas circula desde 2017 e já foi desmentido pela imprensa brasileira e de Portugal - Arte/UOL sobre Reprodução Instagram
07.fev.2023 - Post com afirmações falsas circula desde 2017 e já foi desmentido pela imprensa brasileira e de Portugal Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Instagram

Do UOL, em São Paulo

07/02/2023 17h05

É falso que a Áustria proibiu o comunismo, como diz uma mensagem que circula nas redes sociais desde 2017. O Partido Comunista Austríaco não só é permitido, como obteve votação expressiva na segunda maior cidade do país, Graz, nas eleições municipais de 2021.

A mesma postagem, que exalta a direita austríaca, é repleta de informações falsas e desatualizadas, e já foi desmentida pelo Boatos.org em 2017 (aqui) e pelo Estadão Verifica em 2020 (aqui). O jornal português Observador também publicou uma checagem sobre a publicação em 2020 (veja aqui).

O que diz a mensagem?

"E viva a Áustria. A Áustria é o primeiro país a ser governado por um governo 100% de direita. O primeiro ministro Sebastian Kurz (29 anos) já entrou limpando: pena perpétua para traficantes... corte de ajuda de custos a estrangeiros que não podem mais usar os serviços públicos, terão de pagar por eles... E PROIBIÇÃO DO COMUNISMO... Kurz após assumir o cargo foi a uma penitenciária e na frente de mais de 7 mil presidiários disse: VOCÊS TÊM UMA DÍVIDA MORAL COM POVO DA ÁUSTRIA! A PARTIR DE HOJE IRÃO TRABALHAR NOS SERVIÇOS PÚBLICOS PARA SE REDIMIREM E"

Por que é falso?

Idade e período de mandato errados. Sebastian Kurz não ocupa mais o cargo desde 2021, quando renunciou após denúncias de corrupção (veja aqui). O atual chanceler do país é Karl Nehammer. Além disso, Kurz tinha 31 anos quando assumiu o primeiro mandato em 2017, e não 29, como diz o post (veja aqui).

Coalizões com esquerda e direita. O governo de Kurz, um conservador do Partido Popular Austríaco (ÖVP), também não foi "100% de direita". Em seu primeiro mandato, foi eleito em uma coalizão com a extrema-direita, que ruiu em 2019, após denúncia de corrupção de seu vice-chanceler e líder da extrema-direita, Heinz-Christian Strache, do Partido da Liberdade (FPÖ) (veja aqui e aqui). O episódio ficou conhecido como "Ibizagate". Strache foi condenado por corrupção em 2021 (veja).

Depois da ruptura com a extrema-direita, o governo de Sebastian Kurz manteve uma coalizão com o partido Os Verdes, ecologistas de orientação política de centro-esquerda (veja aqui). Após deixar o cargo em maio de 2019, Kurz reassumiu em setembro do mesmo ano, até que renunciou novamente em 2021.

Prisão perpétua para tráfico de drogas. A pena é prevista no código penal austríaco (veja aqui e aqui) desde a década de 1990, e não tem relação, portanto, com o ex-chanceler, que só foi ocupar o cargo pela primeira vez em 2017. Essa afirmação foi checada pelo site português Observador (veja aqui). A pena de prisão perpétua raramente é aplicada na Áustria, segundo checagem de outro site português, Polígrafo (veja aqui).

Corte de ajuda de custos a estrangeiros: verdadeiro. O governo do conservador Sebastian Kurz na coalizão de ultra direita realmente adotou políticas anti-imigração. Em 2018, o governo austríaco anunciou que reduziria benefícios sociais para imigrantes (leia aqui).

Proibição do comunismo. O Partido Comunista Austríaco (KPÖ) existe dentro da legalidade, e em 2021 teve votação expressiva na segunda maior cidade da Áustria durante as eleições municipais (veja aqui).

Visita à penitenciária. Também é falso que Sebastian Kurz tenha visitado uma penitenciária após assumir o cargo, como desmentiu o Estadão Verifica (aqui).

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