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Sebastian Kurz é um jovem veterano da política austríaca

18/12/2017 13h38

Viena, 18 dez 2017 (AFP) - Poucas pessoas imaginavam vê-lo sobreviver quando entrou no governo aos 24 anos. Muito jovem, muito inexperiente. Novo chanceler austríaco e mais novo líder político do mundo aos 31 anos, Sebastian Kurz suscita imensas expectativas a partir de agora.

O "Wunderwuzzi" (garoto prodígio) da política austríaca tomou posse nesta segunda-feira (18) à frente de uma coalizão de governo composta por seu partido cristão-democrata (ÖVP) com a sigla de extrema direita FPÖ.

"Nosso programa e nossa equipe oferecem uma mudança radical", garantiu ele, na véspera de sua posse, depois de uma campanha na qual prometeu renovação, após seis anos no governo como ministro das Relações Exteriores.

Ao fim de dez anos como parceiro minoritário da coalizão de direita, o ÖVP, pilar da política austríaca desde 1945, ofereceu uma vaga ao jovem de ar adolescente e insolente.

Kurz pôs fim à coalizão composta com os social-democratas do chanceler Christian Kern, o que acabou levando às legislativas e à vitória de 15 de outubro.

A "Kurzmania" ganhou força ao longo da campanha, visível no entusiasmo com seus comícios e nas longas sessões de selfies com militantes de todas as idades.

Enquanto alguns elogiavam sua maneira "cativante de abordar as coisas", outros apontavam "sua calma e sua disciplina".

- Ganho de capital político -Para uma Áustria próspera, mas insegura com a crise migratória, o jovem político ofereceu um discurso duro contra a imigração, combinando essa retórica com uma imagem de modernidade. Durante a campanha das legislativas, o líder da FPÖ, Heinz-Christian Strache, que será vice-chanceler, chegou a acusá-lo de "plagiar" seu programa.

Nascido em 2 de agosto de 1986, em Viena, filho de um técnico e de uma professora, Sebastian Kurz já tem uma longa trajetória política.

Ex-líder da poderosa organização da juventude da ÖVP, ele é nomeado secretário de Estado aos 24 ans, antes mesmo de ter concluído seu curso de Direito. Desde 2013, era o mais jovem ministro das Relações Exteriores da Europa.

Visto com ceticismo no início, foi ganhando estatura como homem de Estado, sobretudo ao longo das negociações sobre a questão nuclear iraniana, em 2015, em Viena. Distanciava-se assim de seus passos vacilantes de político novato, como quando distribuiu preservativos pretos (a antiga cor da ÖVP) para exibir o lado "excitante" do partido.

No outono europeu de 2015, foi um dos primeiros a criticar a política de acolhida de refugiados da chanceler alemã, Angela Merkel. Também atacou a Turquia e se vangloria de ser um dos principais artífices do fechamento da rota dos Bálcãs aos imigrantes, alguns meses mais tarde.

- Um Haider light -Surfando em pesquisas de opinião favoráveis, ele assume o comando do ÖVP em maio. E aí refaz completamente, a seu modo, um partido enfraquecido, conseguindo lhe impor uma nova cor (um turquesa pálido) e a designação "Lista Kurz".

O futuro desse que divide a imprensa entre a admiração e a ironia, entre o "Messias" e o "Kaiser", não deixa de lembrar o de Jörg Haider, o líder de extrema direita morto em um acidente de carro em 2008.

Depois de assumir um moribundo FPÖ, transformou-o no segundo maior partido do país, conseguindo integrar um governo conservador em 2000.

Ainda que o cientista político francês Patrick Moreau não hesite em chamar Kurz de "Haider light", o jovem político nunca esteve envolvido, porém, em qualquer episódio racista e garante que seu governo manterá uma "forte orientação europeia".