Greve continua na Grande BH com metade dos ônibus funcionando
Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias
Em São Paulo
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Eugenio Morais/AE
Greve continua com metade dos ônibus funcionando; trânsito fica complicado pelo excesso de carros
Sem acordo entre as partes, a greve dos motoristas de ônibus entrou no terceiro dia nesta quarta-feira (24). De acordo com estimativas da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Minas (FettroMinas), cerca de 1,2 milhão de pessoas estão sendo afetadas pela paralisação. Hoje, os trabalhadores decidiram cumprir a decisão judicial e colocaram 50% da frota para circular. Mesmo assim, o trânsito na capital mineira está complicado por conta do excesso de carros particulares nas ruas.
Na noite de ontem, a reunião entre as partes no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Minas Gerais, para colocar fim à greve dos ônibus no Estado, terminou sem acordo. Segundo informações do TRT, ficou definida a reabertura das negociações na próxima sexta-feira (26). Os dirigentes sindicais firmaram compromisso de defender, na próxima assembleia, a suspensão da greve e a entidade patronal, de não promover retaliação contra os grevistas, além de não descontar os dias parados e de manter a data-base por mais 30 dias. Eles reclamaram que não foi apresentada nenhuma proposta econômica.
A paralisação geral começou nas primeiras horas de segunda-feira. Na capital mineira, 70% da frota ficou fora de circulação. Já na região metropolitana, 90% dos motoristas cruzaram os braços. Além da capital mineira, as cidades de Sabará, Contagem, Brumadinho, Betim, Ibirité, Pedro Leopoldo e Vespasiano foram atingidas. A Grande BH conta com 65 empresas de ônibus e uma frota de 4.550 veículos.
Compare os preços
das tarifas de ônibus *
Belo Horizonte | R$ 2,30 |
São Paulo | R$ 2,70 |
Rio de Janeiro | R$ 2,35 |
Porto Alegre | R$ 2,45 |
Curitiba | R$ 2,20 |
Salvador | R$ 2,30 |
Recife | R$ 1,60 |
Brasília | R$ 2,00 |
- * tarifa básica
Os rodoviários decidiram pela greve no domingo (21) durante assembleia. Eles rejeitaram a proposta das empresas de ônibus, que ofereceram 4,36% de aumento salarial, e continuam reivindicando reajuste de 37%, redução da jornada de trabalho para seis horas diárias, fim da função dupla do motorista e fim da compensação de horas extras.
Em nota, as empresas de transporte coletivo da região metropolitana de Belo Horizonte informaram que apresentaram ao sindicato uma proposta de reajuste que coloca os trabalhadores do setor entre os de maior remuneração, considerando os salários pagos em todas as capitais do país. Para as empresas, "a ausência ao trabalho pode representar demissão por justa causa por descumprimento da Lei de Greve".
A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) informou que espera a desenrolar das negociações, mas pode pedir ao MPT autorização para iniciar a contratação emergencial de 1.440 funcionários para cobrir a operação mínima dos veículos na região metropolitana.
Outros transportes
Com a greve, a procura por táxis e micro-ônibus aumentou em 30%. Segundo Maurício dos Reis, diretor-presidente do Sindpautras, sindicato responsável pelos micro-ônibus que fazem os trajetos entre os bairros da capital mineira, todos os 285 veículos disponíveis estão nas ruas para tentar ajudar a população afetada pela paralisação.
“Não aumentamos o número de veículo porque não dá. Estamos na nossa capacidade máxima. O que fizemos foi otimizar o uso das unidades. Estamos operando com carros reservas e quem estava de folga voltou para trabalhar”, explicou.
De acordo com ele, alguns itinerários feitos pelos micro-ônibus coincidem com os feitos pelos ônibus municipais. Esse tipo de veículo só não chega ao centro da cidade, mas aproxima o acesso da população à região.
O sindicato dos taxistas de Minas Gerais, o Sincavir-MG, também calcula que houve um aumento de 30% na procura pelo serviço. Segundo o diretor-presidente da entidade, Dirceu Efigênio Reis, a recomendação é para que as pessoas agendem a corrida, porque a procura está muito grande.
“Sugerimos isso para quem tem compromisso com hora marcada, porque o trânsito está caótico e impede que o taxista faça um número maior de corridas”, afirmou.
O aumento da demanda, no entanto, não deve interferir no preço da viagem. Reis ressaltou que os taxistas não estão autorizados a cobrar nada além do preço marcado no taxímetro.