Superbactéria mata quatro pessoas, entre elas três bebês, em hospital de Maceió
Um surto de uma superbactéria, denominada Acinectobater, levou o Hospital Universitário de Maceió, o maior do setor público de Alagoas, a fechar por tempo indeterminado a maternidade e a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. A direção informou que a decisão foi tomada nesta quinta-feira (31), após a morte de três bebês e de um idoso entre os meses de fevereiro e março.
Todas as vítimas foram infectadas pela bactéria, que tem altíssima resistência a antibióticos e ataca pessoas com baixa imunidade. Outra cinco pessoas (duas mães adolescentes e três bebês) também estão contaminadas e recebem tratamento médico em áreas isoladas.
Por conta da situação, a direção do hospital solicitou a transferência urgente dos pacientes que estão internados na maternidade e na UTI neonatal, reservando-a apenas para o tratamento de pacientes com a bactéria. O hospital informou que já adotou uma série de medidas de controle e de desinfecção para evitar que a bactéria se espalhe entre mais pacientes.
Segundo o hospital, dos três bebês que morreram, dois eram prematuros extremos e um tinha má formação congênita – e que, segundo os médicos, não tinham chance de sobrevivência. Já o idoso, de 70 anos, morreu no último dia 25 e apresentava quadro grave de infecção pulmonar, aos ser vítima de um acidente vascular cerebral.
O Hospital Universitário disse que dois dos pacientes infectados (entre eles o idoso que faleceu) vieram contaminados do HGE (Hospital Geral do Estado), em Maceió. A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela gestão do HGE, informou em nota que “também acionou a comissão interna de infecção hospitalar do HGE para iniciar levantamentos sobre a situação dos pacientes encaminhados para o Hospital Universitário”.
Nesta sexta-feira (1º), técnicos de vigilância em saúde do Estado realizaram uma inspeção no Hospital Universitário, e vão produzir um relatório com as condições da unidade. Não é descartada a hipótese de interdição completa do hospital.
A maternidade realiza em média 170 partos por mês, que deixarão de ser realizados com a interdição. As mães e bebês de alto risco devem ser encaminhados para a maternidade Santa Mônica, que sofre com constantes superlotações.
Esta não é a primeira vez que a UTI neonatal do Hospital Universitário é interditada em 2011. Em fevereiro, após um bebês ser diagnosticado com a Acinectobater, a unidade do hospital passou mais de um mês fechada para desinfecção. A interdição causou superlotação na maternidade Santa Mônica --única outra especializada em atendimentos a mães e bebês de alto risco--, que possui apenas 15 leitos de UTI.
A promotora do núcleo de Saúde, Micheline Tenório, informou ao UOL Notícias que o Ministério Público Estadual instaurou, nesta sexta-feira, inquérito civil público “para acompanhar as ações das autoridades sanitárias” em relação às investigações das mortes causadas pela superbactéria.
A promotora não descartou a hipótese de interditar o Hospital Universitário e o HGE por conta das mortes. “O MP não tem como decidir isso agora, mas se os relatórios técnicos apontarem para essa necessidade, e os hospitais não tomarem esta medida, o MP com certeza vai tomar as medidas cabíveis para pedir a intervenção”, afirmou.
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