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Major é preso por criticar estrutura dos Bombeiros em Alagoas

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

03/04/2011 23h27

O major Carlos Buriti, do Corpo de Bombeiros de Alagoas, foi preso neste domingo (3), um dia após fazer duras críticas públicas à falta de estrutura da corporação. Ele está detido no Quartel Geral, no bairro do Trapiche da Barra, em Maceió.

No sábado (2), após bombeiros serem vaiados pela população por falta d’água no caminhão-tanque durante operação para apagar incêndio do Pavilhão do Artesanato, em Maceió, ele afirmou que é “feito de palhaço há 16 anos” e externou diversos problemas estruturais que a corporação enfrentaria –em especial a falta de equipamentos.

Buriti comandava operação de contenção de incêndio, quando o início dos trabalhos dos bombeiros precisou ser adiado para que o caminhão-tanque fosse abastecido com água. A situação gerou revolta dos comerciantes, que conseguiram um caminhão-pipa particular para que os bombeiros conseguissem conter as chamas.

“Todos sabem que faltam viaturas e equipamentos e somos nós quem escutamos as reclamações da população. É preciso que todos saibam que a tropa é dedicada e faz o impossível para prestar o serviço ao alagoano”, declarou o major, em entrevista aos jornalistas, completando que “esse capacete que uso tive que comprar, é meu!”

Um dia após as declarações, o secretário de Estado da Defesa Social, Dário César, determinou a prisão administrativa do militar por 72 horas. Pelo microblog Twitter, o secretário justificou a prisão alegando que as “organizações militares são fundadas na hierarquia e disciplina” e que “qualquer tentativa de sua inobservância tem que ser reprimida”. Além da prisão, Buriti deve responder a processo administrativo.

Neste domingo, o major Carlos Buriti anunciou sua prisão pelo Twitter e informou que “está tudo sob controle”. “PRESO! PRESO! Falei algo demais? Devo mentir?”, falou, complementando em seguida: “Repressão é termo usado na ditadura! Cumpro determinação e me encontro PRESO junto com meu filho no QCG.”

A prisão do major foi duramente criticada pela Associação dos Oficiais Militares de Alagoas. Em nota divulgada na noite deste domingo, o presidente Wellington Fragoso disse que a detenção do major “é ilegal e arbitrária”.

“A Secretaria não tem poder algum para mandar prender ninguém, pois não se mistura a hierarquia militar. Sendo assim, depois do comandante, apenas o governador pode fazê-lo”, afirmou.

Para Fragoso, as palavras de Buriti foram “verdade que muitos não têm coragem de dizer”. “Trabalhamos com uma estrutura mínima e sucateada. A reclusão do oficial ocorreu simplesmente pelo fato dele ter declarado as péssimas condições de trabalho, durante o incêndio no Pavilhão do Artesanato, no bairro da Pajuçara e isso é um absurdo. Ter apenas dois carros tanques para trabalhar não dá, tem que reivindicar mesmo”, explicou.