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Onze meses depois, Alagoas e Pernambuco revivem enchentes; 18 mil estão fora de casa

Aliny Gama e Carlos Madeiro <BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

03/05/2011 21h30

Onze meses após a maior enchente da história de Alagoas e Pernambuco, cidades dos dois Estados voltaram a viver, nesta terça-feira (3), o drama das cheias. Ao todo 40 cidades foram afetadas e mais de 18 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Diversas cidades estão sem energia elétrica e fornecimento de água. Desde a última sexta-feira, três pessoas já morreram: uma em Alagoas e duas em Pernambuco.

Entre as cidades atingidas esta semana, seis delas haviam decretado calamidade pública em junho de 2010 pelo mesmo motivo: Jacuípe (AL), Barreiros, Catende, Maraial, Palmares e Primavera (todas em PE). Além delas, outras nove cidades (sete em Pernambuco e duas em Alagoas) que decretaram emergência em 2010 estão na lista das atingidas agora.

Além das cidades alagadas, a principal rodovia que liga os dois Estados, a BR-101, está interditada desde o início da manhã por conta das enchentes. Para piorar, a Polícia Rodoviária Federal informou nesta tarde que a cabeceira de uma ponte cedeu em Xexéu e o tráfego no local está suspenso por tempo indeterminado. O acesso entre os dois Estados está sendo desviado pela AL-101 e BR-104.

Pernambuco registra o maior número de cidades afetadas: 30. Segundo boletim da Defesa Civil, emitido no início da noite desta terça-feira, 943 famílias estão desabrigadas e 2.559, desalojadas –o que significa cerca de 14 mil pessoas fora de suas casas. Segundo o órgão, até o momento, nenhuma cidade decretou oficialmente emergência ou calamidade pública, embora prefeituras como a de Água Preta, Catende, Limoeiro e Barreiros tenham anunciado decretos –ainda não reconhecidos pelo órgão estadual.

O município mais atingido é Barreiros, onde 920 famílias foram tiradas de casa por conta da cheia do rio Una. A Defesa Civil municipal retirou centenas de famílias durante todo dia, e as levou para locais seguros.A cidade está sem energia, assim como Catende, Palmares, Ribeirão e Rio Formoso.

Segundo a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), o fornecimento foi cortado por conta do risco de descargas elétricas. Técnicos e engenheiros percorrem as áreas atingidas para tentar restabelecer o fornecimento de energia. A companhia orientou que os imóveis que foram invadidos pelas águas devem passar por uma avaliação antes de os moradores religarem qualquer aparelho na rede elétrica.

O rio Una subiu cerca de seis metros no município de Palmares. A Defesa Civil Municipal registrou 13 deslizamentos de barreira. O comércio fechou as portas e várias lojas transferiram seus estoques para locais distantes do rio. O alagamento tomou conta também das ruas próximas à 26ª Vara da Justiça Federal, que suspendeu o atendimento.

Já em Água Preta, a prefeitura informou que mais de 9.000 pessoas foram atingidas e dez ficaram feridas. Oito bairros, entre eles o centro, estão alagados. Vários assentamentos da zona rural foram atingidos, e os acessos à zona urbana estão interditados.

No município de Catende, o nível de água rios aumentou mais de cinco metros e inundou dezenas de ruas. A ponte que liga o centro ao bairro do Matadouro desabou. Os bairros de Caixa e Canaã são os mais atingidos. 

Estragos em Alagoas

Em Alagoas, segundo a Associação dos Municípios, nove cidades decretaram emergência: Japaratinga, Jacuípe, Colônia Leopoldina, Jundiá, Novo Lino, São Luis do Quitunde, São Miguel dos Milagres, Campestre e Porto de Pedras.

Segundo boletim das 20h da Defesa Civil Estadual, já são 3.957 desalojados e 764 desabrigados em 10 cidades atingidas. O maior número de vítimas está em São Luis do Quitunde, onde 2.490 pessoas tiveram as casas destruídas na última semana. Ainda segundo o órgão, cinco municípios estão sem água potável e quatro, sem energia elétrica.

Nesta terça-feira, a cidade de Jacuípe foi 70% coberta pelas águas do rio Jacuípe, que subiu mais 5 metros e inundou centenas de casas. A cidade está ilhada, sem água potável e sem energia elétrica. Segundo o município, a cheia de 2011 já supera a de junho do ano passado, quando o município decretou calamidade pública. No município vizinho de Colônias Leopoldina, a situação também é crítica, já que rio inundou três bairros.

Em Japaratinga, o rio Copaoba transbordou e invadiu casas e lojas do centro. Segundo a prefeitura, foram mais de 15 horas de chuva que deixaram 165 casas danificadas e 35 destruídas.

Tragédia em 2010

Em 2010, as enchentes em Alagoas afetaram 29 municípios, deixando 15 deles em estado de calamidade pública e quatro em situação de emergência. Segundo a Defesa Civil Estadual, 27 pessoas morreram, 27.757 ficaram desabrigadas e 44.504, desalojadas, além de um total de 18.823 casas destruídas ou danificadas.

Já em Pernambuco, os alagamentos atingiram 68 municípios, deixando 11 deles em estado de calamidade pública e 30 em situação de emergência. Ao todo 14.136 casas foram destruídas ou danificadas. Vinte pessoas morreram, 26.966 ficaram desabrigadas e 55.643 ficaram desalojadas.