Líder em homicídios, Alagoas anuncia pacote contra violência e chama policiais aposentados
Para tentar frear a criminalidade no Estado mais violento do país, o governo de Alagoas anunciou um pacote de medidas enérgicas, que devem ser adotadas nos próximos dias. Entre as ações estão previstas a convocação de 800 militares aposentados da reserva e o pagamento de bonificação a policiais que apreenderem armas e drogas. A Associação de Oficiais Militares criticou as medidas.
O Programa Estadual de Redução da Criminalidade foi anunciado em meio a uma crise na segurança pública, com policiais civis em greve há 23 dias e com militares e agentes penitenciários em estado de greve e ameaçando paralisação por tempo indeterminado.
O pacote de medidas prevê ainda a instalação de quatro bases de policiamento comunitária em Maceió dentro de 40 dias, além da reforma de mais delegacias. Nesta quarta-feira (18), o Estado entregou, durante o anúncio do plano, cinco novos carros e 18 motocicletas, que vão reforçar o policiamento ostensivo.
Segundo o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), os 800 militares da reserva vão ser chamados para fazer guarda patrimonial dos órgãos públicos e serviços administrativos. Os que forem convocados devem receber um abono salarial. O valor total que será destinado pelo governo para o projeto é de R$ 550 mil mensais. “Vamos tirar os policiais das funções que não deveriam estar e devolvê-los à função de origem. Na prática, isso significa que mais 800 policiais estarão nas ruas, no combate permanente à violência”, afirmou.
Já quanto ao pagamento a policiais por apreensões, Vilela afirmou que vai instalar a “meritocracia” na segurança pública. Para isso, um projeto de lei está sendo finalizado e será encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado. “Todos sabem que cerca de 90% dos homicídios de Alagoas são praticados por armas de fogo e têm relação com o tráfico de drogas. Esse projeto está sendo finalizado nas suas minúcias jurídicas, para que não existam problemas, mas a decisão de governo já está tomada”, assegurou o governador.
Outra medida também anunciada pelo governo foi a prorrogação da permanência da Força Nacional de Segurança Pública, que está em Alagoas atuando tanto na investigação de crimes, como no reforço ao policiamento ostensivo.
Oficiais criticam medidas
Apesar das medidas de impacto que deveriam favorecer os policiais, representantes dos militares afirmaram que as ações anunciadas são de "um governo que está perdido”. “Têm que anunciar medidas que se reflitam na segurança como um todo, e não dar gratificação só por apreensão. E os bombeiros? E os que trabalham na academia, atendendo às mesas de rádio, coordenando do quartel? Tem que anunciar medidas que atendam a todos, e não beneficiem a poucos e despreze a grande maioria. Esses serviços que ficaram de fora também são muito importantes”, explicou o presidente da Associação de Oficiais Militares, major Wellington Fragoso.
Sobre a convocação dos militares da reserva, Fragogo classificou como controverso. “Há pouco tempo o governo mandou para a reserva, pela janela, coronéis novos, com 45, 46 anos. Ou seja, no auge, quando eles deveriam prestar serviços. E agora, chama de volta, para ainda pagar mais uma gratificação. Achamos um erro, e acreditamos que um concurso público seria mais eficiente”, disse.
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