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MP denuncia sete agentes penitenciários por matar detentos a mando de chefes do tráfico em Alagoas

Aliny Gama

Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

27/05/2011 20h46

O Ministério Público (MP) de Alagoas denunciou à Justiça, nesta sexta-feira (27), sete agentes penitenciários, três detentos e uma auxiliar de enfermagem. Eles são acusados de participar de um duplo assassinato, em 30 de janeiro, de dois presos na enfermaria da penitenciária Baldomero Cavalcante, em Maceió. Todos estavam de plantão na noite em que ocorreram as mortes.

Os agentes e a auxiliar chegaram a ter a prisão decretada, em abril, e cumpriram 30 dias de detenção – exceto dois deles, que conseguiram habeas corpus e foram liberados antes.

Segundo o Gecoc (Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas), o duplo homicídio foi encomendado pelos presidiários Silvano Peixoto da Silva, Daniel Barbosa de Souza, conhecido como “Ceará”, e Charles Gomes de Barros, o “Charlão”.

O motivo das mortes seria a disputa por pontos de tráfico de drogas em Maceió. Charlão é considerado um dos traficantes mais perigosos de Alagoas e foi transferido para um presídio de Aracaju.

As investigações apontam que os crimes foram praticados pelos agentes penitenciários de plantão com a omissão da profissional de saúde (que deveria estar tomando conta da enfermaria).

Para os promotores, os agentes participaram, já que, para ter ingresso à enfermaria, era necessário passar dois portões com cadeados, os quais só os servidores tinham a chave.

“São servidores que não cumpriram com o seu dever. Eles agiram como um verdadeiro grupo de extermínio em nome do tráfico”, disse o coordenador do Gecoc, promotor Luiz Vasconcelos.

Os agentes envolvidos são Agostinho Wanderley Sistelos, Edniz Quirino da Silva, Flávio Daniel de Azevedo Albuquerque, Francisco de Assis Bezerra Filho, José Cícero da Silva, Josias Correia Amorim e Luiz Pedro de Sales Filho.

Além deles, o Gecoc concluiu que a auxiliar de enfermagem Luciana Bezerra Lemos participou do crime.

O UOL Notícias tentou contato com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas, Jarbas Souza, mas ele não atendeu às ligações. Em nota, durante o período de prisão dos agentes, o Sindicato disse que as “acusações são infundadas e baseadas em depoimento de um preso, de que teria participação em crimes dentro do sistema prisional”.

O sindicato diz ainda que a Vara de Execuções Penais “sempre parte do pressuposto de culpa de todos os agentes penitenciários quando ocorre algum ilícito nas dependências das unidades prisionais”.

As mortes

José Domingos da Silva e José Juvêncio dos Santos Neto foram encontrados mortos dentro da enfermaria da penitenciária no dia 30 de janeiro. Segundo o MP, os presos foram mortos com violência, já que eles tinham perfurações de arma branca e sinais de enforcamento.