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Material tóxico mata quatro funcionários da Marfrig em Mato Grosso do Sul

Do UOL*, em São Paulo

31/01/2012 17h12Atualizada em 01/02/2012 23h47

Uma reação química em uma área de tratamento de couro, perto das instalações do frigorífico Marfrig, em Mato Grosso do Sul, intoxicou trabalhadores nesta terça-feira (31), matando quatro operários e deixando outros três em coma induzido. Informações preliminares fornecidas pela empresa indicam que houve reação química no descarregamento de insumos realizado por uma empresa terceirizada, mas as causas estão sendo investigadas.

Os três feridos em estado grave foram encaminhados para a Santa Casa de Presidente Prudente (SP). Segundo informações do hospital, eles estão com quadro estável. Os demais estão sendo atendidos em hospitais da cidade e região.

Localização de Bataguassu

  • Arte UOL

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros no Estado, coronel-PM Ociel Ortiz Elias, 28 pessoas foram atingidas pelo produto no acidente que atingiu a seção de curtume da empresa situada no município de Bataguassu (335 km de Campo Grande), na região leste de Mato Grosso do Sul, divisa com São Paulo. Já a empresa fala "em cerca de 20" atingidos.

Um grupo especializado dos bombeiros isolou o curtume e utilizou jatos de água para evitar a propagação da substância tóxica, conhecida como ácido dicloro propiônico.

Segundo a empresa, a unidade frigorífica está distante do local cerca de 500 metros e não foi atingida.

Como foi a reação química

Segundo informações do coronel do Corpo de Bombeiros, Joilson de Paula, um caminhão chegou na área de descarregamento do frigorífico pela manhã. Às 10h15, o motorista iniciou o enchimento de um dos dois tanques, cada um com capacidade de 5.000 litros, do líquido Coramin-MKGS, usado na retirada de pêlos de couro bovino.
 

Vazamento de ácido mata quatro pessoas no Mato Grosso do Sul

Em poucos minutos, ainda segundo informações de Joilson de Paula, houve uma violenta reação química e uma fumaça saiu dos tanques. Percebendo o perigo, o motorista e vários funcionários correram em busca de abrigo. Os quatro que morreram foram atingidos de imediato.

Segundo o coronel, o Coramin-MKGS é um produto que, se manuseado de forma correta, não oferece risco. Porém, se entrar em contato com outra substância, pode passar por uma reação química e liberar gases tóxicos. “Ainda não sabemos qual a substância dentro dos tanques, mas estamos em contato com técnicos no local, que retirarão amostras para exames mais detalhados."

Outro lado

No fim do dia, o presidente do grupo Marfrig, Marcos Antonio Molina dos Santos, lamentou o ocorrido, por meio de nota. "A diretoria da Marfrig expressa o seu mais profundo pesar pelo ocorrido e segue prestando todo o suporte às famílias das vítimas."

A Marfrig é a segunda maior indústria de carnes do Brasil e uma das maiores empresas alimentícias do mundo, com fábricas na Argentina, Chile, México, Uruguai, Estados Unidos, França, Holanda, Reino Unido, África do Sul, Austrália, China, Coreia do Sul e Tailândia.

Em nota, a empresa diz que o vazamento foi controlado. Veja íntegra de nova nota oficial sobre o caso:

A Marfrig informa que o acidente na manhã desta terça-feira (31) envolvendo a unidade de curtume no município de Bataguassu (MS) foi controlado pelo Corpo de Bombeiros. O curtume está isolado para perícia técnica e não há qualquer risco de intoxicação ou perigo. Aproximadamente 20 funcionários intoxicados foram encaminhados à Santa Casa local. Destes, 4 vieram a óbito e 3 foram removidos em UTIs móveis para tratamento na Santa Casa de Presidente Prudente (SP). Os demais seguem sendo atendidos localmente e estão fora de perigo.

A causa do acidente está sendo apurada pela polícia técnica. Informações preliminares indicam que houve reação química no descarregamento de insumos realizado por uma empresa terceirizada. A equipe local da empresa está empenhada na prestação de atendimento aos funcionários atingidos e suas famílias. Assim que as causas do acidente forem esclarecidas pelas autoridades competentes a empresa voltará a informar. A unidade frigorífica de Bataguassu, próxima ao curtume, não foi atingida pelo acidente.

*Com informações de Jorge Estevão, em Cuiabá, e da Agência Estado