"Ele é tratado como bandido pelo governo do Rio", diz mulher de líder grevista preso em Bangu
Cristiane Daciolo, mulher do líder da greve dos bombeiros fluminenses, cabo Benevenuto Daciolo, atualmente preso em Bangu 1, afirmou neste domingo (12) que o marido está sendo "tratado como bandido" pelo governo do Estado do Rio, e cobrou da presidente da República, Dilma Rousseff, uma atitude em defesa do bombeiro.
"Meu marido é uma pessoa de bem e não poderia estar em Bangu 1. Ele está sendo tratado como bandido pelo governo do Estado. (...) A Dilma deveria fazer alguma coisa, pois ela também já foi perseguida e sabe como isso é injusto", disse ela.
Gravações mostram PMs combinando ações de vandalismo na Bahia
A penitenciária de segurança máxima de Bangu 1, no complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da cidade, é a mesma utilizada para abrigar criminosos de alta periculosidade. Daciolo foi detido na noite da última quarta-feira (8) sob acusação de incitar uma greve geral das entidades de classe da segurança pública do Rio de Janeiro.
Cristiane afirma ter recebido informações de que o marido iniciou uma greve de fome. "Ele não come nada desde quinta-feira", disse a mulher do cabo. Segundo o comando da corporação, outros 29 bombeiros foram presos e indiciados pelo mesmo crime militar – incitamento e aliciamento a motim– e encaminhados ao presídio Bangu 1.
Os familiares reclamam que o lugar correto para a detenção dos grevistas seria o Grupamente Especial Prisional (GEP), pois eles são militares e não respondem a ações penais.
A mulher de Daciolo participou nesta manhã de uma passeata promovida pelo movimento S.O.S Bombeiros em Copacabana, na zona sul da capital. Cerca de 200 manifestantes iniciaram o ato nas proximidades do hotel Copacabana Palace. Policiais militares e parentes dos grevistas também fazem parte do protesto.
Nesta segunda-feira (13), a categoria fará uma assembleia para decidir o futuro da greve, decretada na noite de quinta-feira (9).
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Prisão de líder dos bombeiros
Na quinta-feira (9), a Justiça do Rio havia decretado a prisão preventiva do cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo. O bombeiro, que é um dos líderes do movimento, está detido desde a noite do dia 8, administrativamente, sob a acusação de ter cometido o crime militar de incitamento à desobediência. Ele foi preso no Rio após retornar de Salvador, onde acompanhava a greve dos policiais militares baianos.
Daciolo já havia sido preso no ano passado, com mais 400 bombeiros, por terem ocupado o quartel-central da corporação, durante uma manifestação.
Gravações telefônicas divulgadas na quarta-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, apontam que Daciolo falou em inviabilizar tanto o Carnaval baiano quanto o fluminense.
Polícia Civil suspende greve
O diretor jurídico do Sindicato da Polícia Civil do Rio, Francisco Chao, anunciou que a categoria suspendeu sua participação no movimento grevista dos profissionais de segurança pública, anunciado na última quinta-feira (9).
"Não estamos cancelando a greve, mas suspendendo para, na próxima quarta-feira (15), avaliar os fatos que ocorreram até agora e deliberar sobre as próximas ações", explicou.
Dois motivos foram apontados por Chao para a decisão. Ele disse que foi procurado por policiais, que relataram o temor sobre possíveis ações de marginais com a suspensão de parte das atividades. A outra razão, segundo o diretor, seria a baixa adesão ao movimento.
"As ruas estão cheias de viaturas da PM [Polícia Militar] e é difícil acreditar em movimento reivindicatório sem adesão.”
Prisões de bombeiros e PMs
Na sexta-feira (10), o Corpo de Bombeiros divulgou nota informando que 123 guarda-vidas foram indiciados por falta ao serviço e que todos seriam presos administrativamente. A nota informava ainda que o comandante do 2º Grupamento Marítimo (Gmar), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, tenente-coronel Ronaldo Barros, foi exonerado do cargo.
No dia seguinte, mais 39 guarda-vidas foram detidos administrativamente. No total, 169 bombeiros já foram presos por insubordinação, incitamento, aliciamento a motim ou falta ao trabalho, dos quais 30 estão na penitenciária de segurança máxima Bangu 1.
Onze mandados de prisão foram expedidos contra policiais militares que estavam à frente da paralisação e outros sete policiais foram presos por desacato e motim. No total, mais de 130 PMs responderão a sindicâncias e/ou inquéritos administrativos por insubordinação já que se recusaram a sair do quartel.
O governo resolveu jogar duro com os policiais que resolveram aderir ao movimento. Os manifestantes já esperavam a prisão dos militares que se recusassem a deixar seus respectivos quartéis e batalhões --estratégia orientada pelo comando de greve.
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