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Greves do transporte no Nordeste completam oito dias e afetam 900 mil usuários

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

22/05/2012 12h23

As greves de ônibus, trens urbanos e metrô seguem causando transtornos nesta terça-feira (22) à população de cinco Estados do Nordeste. Cerca de 900 mil pessoas são afetadas pelas paralisações.

Em Maceió, João Pessoa e Natal a população está desassistida de trens urbanos que fazem viagens a cidades da região metropolitana. Já no Recife, o metrô também está há oito dias operando com 50% das viagens. Segundo a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), são 300 mil pessoas prejudicadas. As greves dos servidores completaram oito dias hoje.

Em São Luís, os rodoviários endureceram a paralisação nesta segunda-feira (21), e 100% dos ônibus estão parados nas garagens. Segundo as empresas de ônibus, 600 mil usuários circulam pelos coletivos na capital e região metropolitana. A greve começou na terça-feira da semana passada e chegou a ser suspensa no fim de semana.

Desacato

No fim da tarde desta segunda-feira (21), o TRT-MA (Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão) declarou a abusividade da paralisação e decretou a ilegalidade da greve dos rodoviários. Devido à paralisação total dos ônibus, a desembargadora Ilka Esdra Silva de Araújo informou aos empresários que eles podem demitir os trabalhadores em greve por justa causa e contratar novas pessoas para assumirem as vagas.

Segundo a desembargadora, a decisão foi tomada para “garantir o interesse da sociedade maranhense.” A desembargadora também expediu ofício à PF (Polícia Federal), solicitando a instauração de inquérito para apurar o “crime de desobediência à ordem judicial e perturbação da ordem pública em face de todos os membros da Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores”.

Na quinta-feira (17), o TRT-MA já havia determinado que o reajuste dos rodoviários seria de 7%, obrigando os trabalhadores a retomarem ao trabalho imediatamente. Em caso de descumprimento, a desembargadora estipulou uma multa de R$ 40 mil por dia ao Sttrma (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Município de São Luís).

Com a decisão, o sindicato já acumula multa de R$ 90 mil. Os ônibus deveriam ter voltados a circular nas ruas em sua totalidade já na última quinta-feira (17), quando o TRT-MA decidiu o aumento de 7% de reajuste dos salários dos rodoviários. Os rodoviários suspenderam o protesto na sexta e retornaram na segunda-feira (21). Desde lá, nenhum ônibus urbano saiu das garagens.

De acordo com o TRT-MA, as multas aplicadas são relativas à circulação de apenas 50% dos ônibus na sexta-feira (18), no valor de R$ 10 mil, e R$ 40 mil por cada dia parado (ontem e hoje).

Segundo o presidente do Sttrma, Dorival Sousa da Silva, não há data previsão para acabar a greve. Nesta terça-feira, os rodoviários iriam realizar uma assembleia em um local público de São Luís, mas desistiram por conta dos riscos de protestos da população. “Não temos mais dia nem hora para uma nova reunião”, afirmou.

Silva disse que vai recorrer da decisão do TRT-MA que declarou abusividade da greve. “É um direito nosso e, se for preciso, vamos recorrer dessa determinação no STJ [Superior Tribunal de Justiça], e a população precisa entender isso”, informou.

Metroviários e ferroviários

Em João Pessoa, Maceió e Natal, a greve dos ferroviários reduzem há oito dias a oferta de trens urbanos. Já no Recife, a greve de metroviários também segue sem acordo. Nas quatro capitais, cerca de 300 mil pessoas são prejudicadas pelo protesto, já que apenas viagens em horários de pico estão sendo mantidas.

Segundo a Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), os trabalhadores decidiram continuar com a greve até que o governo federal apresenta uma proposta de reajuste. Até o momento, não houve nenhuma proposta de aumento salarial à categoria.

A Fenametro informou ainda que o retorno ao trabalho nas quatro capitais nordestinas e em Belo Horizonte só ocorrerá após a retomada das discussões e apresentação de “índice do reajuste salarial e a sua repercussão em todas as cláusulas econômicas.” Outras capitais também ameaçam entrar em greve nos próximos dias, avisou a federação.

Ainda segundo a Fenametro, em uma reunião na sede da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), no Rio de Janeiro, a empresa afirmou que não há proposta de reajuste salarial, mas solicitou a suspensão da greve para ajudar a companhia a buscar uma solução com a presidente Dilma Rousseff.