Os prédios pareciam flutuar, diz Ferreira Gullar sobre projetos de Niemeyer
O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar, amigo do arquiteto Oscar Niemeyer, afirmou que “a arquitetura se dá antes e depois do Oscar Niemeyer”. “A arquitetura de Oscar Niemeyer era poética. Ele introduziu não só a forma curva, mas a leveza”, disse ao chegar no velório de Niemeyer na manhã desta sexta-feira (7), no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio de Janeiro. “Os prédios pareciam flutuar.”
Gullar mencionou um poema de sua autoria, “Lição da Arquitetura”, feito em homenagem a Niemeyer pela sua arquitetura poética e pela forma como ele trabalhava os projetos. “É uma perda irreparável para o país e para a arquitetura. Para os amigos, é uma dor irreparável.”
Ferreira Gullar conheceu Niemeyer em 1955, quando trabalhava como redator da revista "Manchete" e entrevistou o arquiteto.
Ontem (6), o poeta disse, em entrevista ao UOL, que "a arquitetura moderna é uma coisa antes e depois de Niemeyer."
Velório
O velório do arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu aos 104 anos, na quarta-feira (5), foi aberto ao público das 8h e até 15h desta sexta-feira (7), no Palácio da Cidade, a sede oficial da Prefeitura do Rio, em Botafogo, na zona sul.
Em seguida, será rezada uma missa para os parentes e amigos. O enterro de Niemeyer está marcado para 17h, no Cemitério São João Batista, também em Botafogo.
O corpo de Niemeyer chegou ao Palácio da Cidade por volta das 20h30 desta quinta-feira (6), e foi velado durante toda a madrugada em uma cerimônia restrita a familiares e amigos.
Na chegada ao Palácio da Cidade, o corpo foi recebido pela viúva, Vera Niemeyer, e pelo neurocirurgião Paulo Niemeyer, sobrinho do arquiteto. Eles não falaram com a imprensa.
Repercussão
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer aterrissou às 22h04 desta quinta-feira (6) no Aeroporto Santos Dumont. Um carro funerário já aguardava na pista. O corpo foi transportado até o veículo por militares da Aeronáutica do 3º Comando Aéreo Regional (3º Comar).
O neto de Niemeyer, Carlos Oscar Niemeyer Magalhães, que trabalhou durante 13 anos no escritório do arquiteto, disse que a família ficou muito emocionada com o carinho das pessoas durante o velório em Brasília. Segundo ele, o avô lhe ensinou importantes lições de vida.
“Ele sempre dizia três coisa para a gente. A vida é um segundo, vamos viver a vida bem vivida, com os amigos e com a família. O mundo é injusto, temos que modificá-lo e fazer aquilo que a gente puder fazer de melhor para ajudar a corrigir as desigualdades sociais. E a outra coisa que ele dizia é que a palavra mais bonita é solidariedade.”
Como administrador do escritório do avô, Carlos contou que nem sempre era fácil gerir as finanças: “Como comunista, a ligação dele com o dinheiro era nenhuma.”
O neto justificou a escolha da família em fazer o enterro no Rio pelo amor que ele tinha pela cidade. “Ele era apaixonado pelo Rio de Janeiro, apesar de ter projetado Brasília e gostar muito de lá. Mas o Rio era a cidade dele.”
Cerimônia em Brasília atraiu quase 4.000 pessoas ao Planalto
Na capital federal, o velório terminou por volta das 19h30, meia hora antes do previsto, a pedido da família do arquiteto, segundo a assessoria de imprensa do Planalto.
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A justificativa dada foi o horário limite para pousos no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para onde o corpo segue para também ser velado.
Sob aplausos e cantoria de trechos do Hino Nacional, o caixão desceu a rampa do Palácio do Planalto às 19h35.
O arquiteto morreu em decorrência de problemas respiratórios. Ele estava internado no Hospital Samaritano desde o dia 2 de novembro devido a complicações renais e desidratação.
Público
A fila das pessoas que queriam se despedir do arquiteto pessoalmente começou a se formar antes mesmo de o caixão chegar no Palácio do Planalto, em torno das 15h30. O acesso do público ao Salão Nobre foi liberado por volta das 16h30.
Homenagens
A presidenta Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias pela morte de Oscar Niemeyer. As informações foram divulgadas pelo Palácio do Planalto.
Durante o luto oficial, a bandeira nacional é hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas do governo que a decretou (federal, estadual ou municipal). Além disso, coloca-se um laço de crepe na ponta da lança se ela estiver sendo conduzida em alguma cerimônia.
Na chegada ao Palácio, o corpo foi recebido pela presidenta Dilma com a guarda de 48 Dragões da Independência. A presidente ficou ao lado da viúva do arquiteto, Vera Niemeyer, e deixou o local por volta de 16h15, acompanhada da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
A sessão plenária do Senado desta quinta-feira foi suspensa a pedido do presidente da Casa, José Sarney, para que os senadores possam prestar suas homenagens .
Na chegada ao Palácio, o corpo foi recebido pela presidenta Dilma com a guarda de 48 Dragões da Independência. A presidente ficou ao lado da viúva do arquiteto, Vera Niemeyer, e deixou o local por volta de 16h15, acompanhada da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.A sessão plenária do Senado desta quinta-feira foi suspensa a pedido do presidente da Casa, José Sarney, para que os senadores possam prestar suas homenagens .
"O Brasil morre um pouco com Niemeyer, e Niemeyer permanece vivo no coração de todos brasileiros", disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
A Câmara dos Deputados exibiu fotos do arquiteto nos painéis do Plenário Ulisses Guimarães, antes do início da sessão solene que devolveu, simbolicamente, os mandatos de 173 deputados federais cassados entre 1964 e 1977, durante o regime militar (1964-1985).
"Neste momento, estamos com o coração apertado pela perda de um gênio da arquitetura e do humanismo. Brasília tem uma identidade muito forte com Niemeyer e inúmeras obras deixadas por ele", disse o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
O também será homenageado pelo CAU-BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil), em solenidade no próximo dia 19, na capital federal. O evento vai comemorar o Dia do Arquiteto e Urbanista, celebrado em 15 de dezembro, quando Niemeyer completaria 105 anos. (Com Agência Brasil e da Agência Estadão Conteúdo)
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