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Vagões abandonados em Bebedouro (SP) viram moradia para sem-teto, "motel" e local para consumo de drogas

Vagões abandonados em Bebedouro (SP): abandono tem provocado queixas de moradores das imediações   - Marco Antonio dos Santos/UOL
Vagões abandonados em Bebedouro (SP): abandono tem provocado queixas de moradores das imediações Imagem: Marco Antonio dos Santos/UOL

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

20/01/2013 06h00

Vagões de trem que estão no pátio da estação ferroviária de Bebedouro (381 km de São Paulo) se transformaram em moradia de sem-teto, “motel” e local para o consumo de drogas. O abandono tem provocado queixas de moradores das imediações e representa uma ameaça ao patrimônio público, segundo Luciano Treviso marcassa, 42, presidente da Associação Bebedourense de Ferromodelismo, que funciona no local junto com um museu ferroviário.

São cerca de 60 vagões, de acordo com Marcassa. “À noite não tem nenhuma segurança. Temos de rezar para que não arrombem o museu e a sede da associação”, afirma. Marcassa reclama do descaso da prefeitura.

De acordo com Luiz André Rosa Junior, 42, comandante da Guarda Civil Municipal de Bebedouro, é feito patrulhamento constante na área onde estão o museu e a associação de ferromodelismo. O problema, afirma, são alguns pontos da estação aos quais os veículos da corporação não têm acesso. “Lá tem mato alto e falta iluminação, o que favorece a prática de atos ilícitos nos vagões.”

A estação ferroviária da cidade está desativada desde que os trens da antiga Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A) deixaram de operar no trecho, no final da década de 1990. São 230 quilômetros de linha, que ligam Araraquara (273 km de São Paulo) a Colômbia (467 km de São Paulo), passando por Bebedouro.

O Dnit (Departamento de Infraestrutura de Transporte) informou, por meio de nota, que no início de fevereiro será realizado um leilão para a aquisição de 1.698 bens da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A), dos quais 954 estão no Estado de São Paulo.

Leilão

Mas os vagões de Bebedouro não estão na relação dos bens que serão colocados à venda. Na lista, constam somente as cidades de São Carlos (232 km de São Paulo), Araraquara e Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). O material vai ser derretido, e o aço reaproveitado.

A malha férrea é controlada pela ALL (América Latina Logística), que assumiu a concessão em 2006. A empresa informou nesta sexta-feira (18), por meio de nota, que tem interesse na remoção dos vagões de sua responsabilidade que não têm condições de recuperação, sejam eles passivos anteriores e posteriores à concessão da companhia. “A empresa precisa, contudo, de autorização para esse processo, já que o material obsoleto é de propriedade da União.”

Em Bauru (329 km de São Paulo), a depredação do patrimônio ferroviário diminuiu porque a prefeitura da cidade assumiu as antigas estações da RFFSA e da Fepasa, segundo José Carlos da Silva, 55, coordenador-geral do Sindicato de Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru e Mato Grosso do Sul.