Justiça inglesa não aceita acusação de prostituição na disputa pela guarda de criança que está em Londres
Na guerra de versões sobre o caráter da mãe e a personalidade do pai que disputam a menina Rafaely, em Londres, a Justiça inglesa deu um ponto para Fernanda Guiguer, a mãe: numa decisão conhecida nesta terça-feira (22), o juiz encarregado do caso anunciou que o pai, Rafael Isidro Vieira, não poderá incluir acusações de que a mãe seria prostituta.
Num comunicado entregue aos advogados de ambos, o juiz disse que “nada disto será aceito no processo” de guarda da menina. O julgamento pode ser em março. O dia ainda está indefinido. Rafael se apresenta como ex-jogador, mas times que ele diz ter passado afirmam que o rapaz não foi contratado em nenhum momento.
Fernanda, 28, está presa desde 1º de novembro na cadeia feminina de Holloway, em Londres, aguardando julgamento. Ela foi acusada pelo ex-marido de sequestro da menina. Rafael, 29, usou como argumento para pedir a custódia exclusiva à Justiça inglesa que a menina vivia em um ambiente de prostituição em Milão. A mãe de Fernanda, Magda Souza, em Criciúma (200 km de Florianópolis), hoje, negou as acusações.
Fernanda tinha deixado a menina com o pai em julho, em Londres, mas em outubro foi à capital inglesa, pegou a menina à força de um cunhado e fugiu para a Itália. De lá, com o novo marido, o pernambucano Wagner Santos, embarcou num voo entre Milão e São Paulo com Rafaely. Na escala em Londres, os dois acabaram detidos por denúncia de Rafael. A menina foi entregue ao pai por assistentes sociais da polícia inglesa, a Scotland Yard.
Rafael e a filha têm cidadania europeia. Fernanda está na Europa apenas com seu passaporte brasileiro. Ele tem emprego e residência fixa em Londres. Ela disse à mãe que trabalha como modelo fotográfica e esteticista, na Itália.
Briga antiga
No Brasil, a Justiça deu guarda para Fernanda, no divórcio de 2007. Ao pai caberia pagar pensão de R$ 200 mensais, coisa ele nunca fez. Para a Justiça inglesa, por enquanto, vale a cidadania do pai e o direito dele de impedir que a mãe leve a menina sem consentimento.
Rafael dá entrevistas aos jornais brasileiros contando diferentes versões de sua vida. Primeiro, seria músico. Mais tarde, disse que tinha jogado futebol nos times do Avaí, Figueirense, Criciúma e Marcílio Dias.
No entanto, nenhum jogador com este nome jogou nessas equipes. Conhecidos em Criciúma contam que ele jogou peladas com o time do Padilha, no bairro São Luís. Tentou testes em times profissionais, sem sucesso. Não está, nem foi registrado na Federação Catarinense de Futebol.
Mais: entre 2003 e 2005, anos em que esteve casado e assistiu ao nascimento de Rafaely, ele trabalhava numa lanchonete ao lado da rodoviária. Segundo um dos atendentes, foi demitido por justa causa.
Rafael também acusou um amigo à época, depois desafeto, identificado apenas como Leo, de ter molestado Rafaely em 2007.
A acusação foi ignorada no inquérito policial da época porque Leo foi defendido por Fernanda e sua mãe Magda. A guerra de versões na ocasião paralisou a investigação.
O “caso Léo” seria uma armação de Rafael. Ele queria a guarda da menina no processo de divórcio. Ele e Léo levaram a menina para local ignorado. Fernanda teria pedido a Leo para ajudá-la na recuperação da filha – quando Leo trocou de lado, foi acusado por Rafael.
Segundo a avó Magda “se Leo tivesse feito alguma coisa com minha neta eu seria a primeira a denunciá-lo”.
Enquanto isto, na cadeia feminina de Halloway, Fernanda enfrenta dificuldades para falar com a mãe por telefone. O dinheiro que ela dispõe para usar em ligações de um orelhão da cadeia é a mãe que manda.
O dinheiro (450 reais por semana, que depois de trocados rendem 90 libras) é passado a uma amiga (que não quer ser identificada), que vai pessoalmente e faz o depósito na conta em nome de Fernanda na portaria da cadeia.
Hoje, às 6h de Londres e 8h no Brasil, Fernanda ligou. Disse para a mãe que está com pequenos sangramentos constantes desde ontem, mas que acha que a gravidez (do novo marido, de quatro meses) está firme.
Disse que não pode falar muito porque tudo que diz é gravado. Pediu à mãe para fazer uma campanha na imprensa por sua libertação.
Procurado hoje, Rafael não retornou ligações do UOL.
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