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Para Dilma, é preciso "medidas drásticas" para moradores de zona de risco

Registro feito pelo internauta Vinni Petrocelli (@petroninfo) mostra rua debaixo d"água em Petrópolis - Reprodução/Twitter
Registro feito pelo internauta Vinni Petrocelli (@petroninfo) mostra rua debaixo d'água em Petrópolis Imagem: Reprodução/Twitter

Fernanda Calgaro

Do UOL, na Cidade do Vaticano

18/03/2013 15h15Atualizada em 18/03/2013 19h31

Em sua viagem ao Vaticano, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, disse aos jornalistas na tarde desta segunda-feira (18) que as 13 mortes provocadas pelas chuvas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, não são consequência da falta de prevenção e afirmou ser necessária a tomada de medidas um "pouco mais drásticas" para a retirada de pessoas de áreas consideradas de risco.

"Não teve qualquer tipo de problema, não", disse a presidente, ao ser questionada se houve ineficiência no processo de prevenção do governo federal e do governo do Estado do Rio de Janeiro. Segundo ela,  as pessoas foram avisadas sobre os riscos. "Acho que vão ter que ser tomadas medidas um pouco mais drásticas para que as pessoas não fiquem nas regiões que não podem ficar. Assim, não tem prevenção que dê conta."  

Veja os estragos causado pela chuva na região serrana

Dilma afirmou ter conversado com o governado Sérgio Cabral, que já estava se dirigindo a Petrópolis, e a comunicou sobre a morte de duas pessoas ligadas à Defesa Civil. "Foram buscar e pedir para as famílias se retirarem", lamentou a presidente, que também informou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, já está tomando as medidas necessárias para prover os recursos para as vítimas e para minimizar os estragos na região.

"É uma situação muito difícil, porque choveu muitos milímetros na região. Quase o tanto que chove em um ano em algumas regiões do Brasil, choveu um dia em Petrópolis", relatou Dilma, que completou que o sistema de desastre do governo está "totalmente mobilizado" para atender o Rio de Janeiro.  

A presidente afirmou ainda que "o homem não tem condição de impedir desastres naturais". "O que ele tem que impedir é a consequência dos desastres, e é isso que a gente tem lutado para fazer no Brasil, seja através dos sistemas de satélite, seja através dos pluviômetros, seja através da articulação de todas as defesas civis do Brasil."

Desabrigados

Segundo o governador do Rio, 650 pessoas ficaram desabrigadas --140 famílias-- devido à chuva. Essas pessoas foram encaminhadas para 18 abrigos, dos quais 16 são escolas estaduais e municipais e dois são instituições religiosas. As escolas municipais Papa João Paulo e Marcelo Alencar são as que concentram o maior número de famílias.

A chuva fez duas vítimas fatais em Quitandinha, uma em Doutor Thouzet, duas em Alagoas, uma em Lagoinha, quatro em Bingen e três em Independência. Trinta e três feridos, segundo a Defesa Civil estadual foram socorridos em Quitandinha, Doutor Thouzet, Sargento Boening, Lopes Trovão, Centro, Independência, Floresta e Castelânia.

Cabral afirmou ainda que o sistema de alerta da prefeitura funcionou com êxito. "Muitas vidas foram poupadas", explicou o governador. Ele disse que todo o grupo de Salvamento do Corpo de Bombeiros Estadual --250 pessoas-- está mobilizado em Petrópolis. Além disso, 500 pessoas foram contratadas emergencialmente para atuar no serviço de limpeza urbana.

Para isso, foram liberados R$ 3 milhões por parte do Estado e R$ 200 mil pela prefeitura para ações de assistência social. Segundo o prefeito, Rubens Bomtempo, serão contratadas mais 500 pessoas e a compra de material de higiene, fraldas, leite em pó e itens básicos para quem ficou sem residência será priorizada.

Mais cedo, o Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que a Força Nacional de Defesa Civil está em deslocamento para a cidade de Petrópolis. A Força Nacional de Apoio Técnico de Emergência. ligada ao Ministério de Integração Nacional, foi criada para atuar na prevenção de desastres naturais e para ajudar na reconstrução de municípios destruídos.

Entre os mortos pela chuva, estão dois técnicos da Defesa Civil. Há também dois irmãos --um adolescente e um bebê-- moradores do bairro de Quitandinha entre as vítimas fatais. Eles estavam em casa quando foram soterrados durante um deslizamento de terra.

A cidade foi o local mais afetado pelas fortes chuvas que atingiram o Estado do Rio de Janeiro nas últimas 24 horas, apresentando 21 pontos de escorregamento ou alagamento. As localidades mais afetadas foram Quitandinha (com acumulado de 390 mm de precipitação em 24 horas), Independência (com acumulado de 277 mm de precipitação em 24 horas) e Doutor Thouzet (com acumulado de 267 mm de precipitação em 24 horas). A Defesa Civil estadual ainda informou que as fortes chuvas atingiram também os municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Niterói, Teresópolis e Petrópolis.

Teresópolis

Segundo a Defesa Civil, a chuva não deixou vítimas em Teresópolis, onde houve duas quedas de barreira --uma no bairro Santa Cecília e outra em Guarani--, uma queda de muro em Corta Vento, um deslizamento na Coreia e um alagamento em Vargem Grande. Durante a noite, as maiores quantidades de chuva foram de 168mm no Rosário, 100mm no Corta-vento e 89,4mm na Quinta Lebrão. Nesta manhã, a chuva diminuiu e caiu fina.

Angra dos Reis

Em Angra dos Reis, equipes da Defesa Civil se deslocaram por volta das 21h de domingo para o Parque Mambucaba, a Japuíba e o Pontal, onde houve transbordamento de rios. Em Mambucaba, o rio que passa pelo bairro já teve seu pico de maré. Na Japuíba, outro rio tem pontos de transbordamento na altura das ruas Rio Bonito e Mangaratiba.

Rio de Janeiro

A chuva colocou a capital fluminense em estado de atenção. O Rio de Janeiro entra neste nível quando há previsão de chuva moderada, ocasionalmente forte, nas próximas horas. Neste estágio, os operadores do Sistema Alerta Rio, da prefeitura, ficam em constante comunicação com os órgãos municipais que atuam nas situações de chuva.

Mais chuva

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão para a região serrana nesta segunda-feira é de tempo nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas. A possibilidade de chuva é de 60% a 90% durante a tarde e a noite. A temperatura fica entre 16 °C e 25 °C. Já para terça-feira (19), a previsão é de tempo nublado a encoberto com chuva, com temperatura variando entre 14 °C e 24 °C. O governador Sérgio Cabral afirmou que o município está em alerta máximo: "Estamos ainda em alerta máximo, total alerta máximo. (...) Peço encarecidamente para que as pessoas não saiam de suas casas."