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Pessoas colam adesivos em pontos de ônibus para identificar linhas

Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

25/03/2013 06h00

Pegar ônibus em um lugar diferente do usual pode ser um desafio, dependendo da estrutura que cada município dá a esses mobiliários urbanos. Observando essa dificuldade enfrentada principalmente em grandes cidades, onde a estrutura de transporte costuma ser complexa e há grande quantidade de linhas, dois publicitários de Porto Alegre resolveram disponibilizar em um endereço na internet um modelo de adesivo para que os próprios usuários colem nas paradas que costumam usar, escrevendo neles os nomes das linhas de transporte coletivo que passam ali. O projeto se chama “Que ônibus passa aqui?” e o download do adesivo pode ser feito acessando este site: www.shoottheshit.cc.

Um dos idealizadores da ideia, Luciano Braga, conta que há registro de pelo menos 20 cidades onde adesivos foram colocados. Um dos municípios é Recife, capital pernambucana. A estudante Bruna Monteiro, 20, uma das pessoas que comprou a ideia por lá, conta que ficou sabendo da iniciativa ao ver um vídeo colocado na internet mostrando a proposta.

Depois disso ela divulgou a ideia na rede social Facebook e criou um grupo para poder organizar a ação com as pessoas interessadas em aderir. Após um encontro presencial e uma adaptação que deixou o material mais próximo da cultura local – com a imagem de um caranguejo – quinze pessoas saíram distribuindo em 16 bairros 110 adesivos.

Para ela a iniciativa é importante para mostrar que a população também pode contribuir com a cidade a resolver problemas. “As pessoas esperam muito que os políticos façam tudo. Se eles não estão fazendo é porque a gente não está cobrando”, protesta.

A proposta de disponibilizar o recurso online veio depois de uma tentativa de implantar o material na capital gaúcha, em março 2012. De acordo com Braga, naquele ano ele e o sócio imprimiram adesivos para serem colocados em 50 dos cerca de 5.000 pontos que Porto Alegre tem. Percebendo a repercussão do trabalho, na época a prefeitura de Porto Alegre, por meio da EPTC (Empresa Pública de Transportes e Circulação), decidiu dar continuidade ao projeto.

Os adesivos da empresa, entretanto, não foram suficientes para atender toda a cidade e não se mantêm em boas condições. Apenas 80 foram instalados entre o segundo semestre do ano passado e o primeiro deste. Antônio Zigna, gerente de projetos da EPTC, diz que a empresa sabe da deficiência que tem neste aspecto, mas explica que a ação de vândalos emperra o processo de disseminar por todos os pontos da cidade informações corretas e atualizadas sobre as linhas de ônibus. De acordo com ele, 80% do material colocado foi depredado em cerca de 30 dias.

Embora considere louvável a proposta dos publicitários, Zigna classifica como ingenuidade achar que a ideia do “faça você mesmo” possa resolver o problema. “Não somos contra, mas a gente não acredita, porque além do vandalismo, quem se responsabiliza pela informação estar correta? Tem que haver um responsável técnico. Informação incorreta é desinformação”, declara.

Zigna diz que está em andamento um projeto para instalar novos pontos de ônibus em Porto Alegre, ainda neste ano, onde a empresa responsável por explorar a publicidade das paradas ficará responsável por sanar danos causados por vandalismo. Ele não soube precisar quantos pontos serão renovados neste modelo.

O vandalismo também é uma preocupação para a Bruna, que adotou a ideia em Recife. Para evitar que a ideia se perca em meio a este problema, a estudante planeja uma nova ação em cerca de dois meses para repor o material que estiver danificado. Ela acredita que os atos de vandalismo são atitudes isoladas e que não devem inviabilizar iniciativas como esta.