Chinês dono de pastelaria é preso por manter primo como escravo no Rio
O dono de pastelaria Yan Ruilong, de nacionalidade chinesa, foi preso em flagrante por manter o também chinês Yin Qiang Quan em condição análoga ao trabalho escravo. A prisão aconteceu na última quarta-feira (3) em Parada de Lucas, bairro da zona norte do Rio, e foi descoberta pela polícia através de denúncia anônima.
Agentes do GIC (Grupo de Investigação Complementar) da 38ª DP (Vista Alegre) foram ao local e encontraram o trabalhador em condições degradantes, com infecções e fraturas pelo corpo, ainda assim executando o serviço no estabelecimento. Segundo a polícia, o comerciante e o jovem são primos.
De acordo com o chefe de investigação da 38ª DP, Maurício Napoleão, Quan apresentava ferimentos pelo corpo, com o rosto deformado em razão de agressões recentes. Ainda de acordo com Napoleão, o comerciante confessou ter agredido Quan com socos no rosto, um dos quais fez com que a vítima tivesse a cabeça arremessada contra uma máquina de fazer massa, provocando grave lesão na orelha esquerda.
A delegada da 38ª DP, Maria Madalena Carnevale, contou ainda que os dois são primos e que as condições impostas ao jovem eram humilhantes. “Ele dormia num quarto sem janela, sofria agressões, foi encontrado com fratura na mandíbula e ainda com um quadro de erisipela. Um quadro total de desumanidade, escravidão realmente”, disse.
Ainda no estabelecimento, um menor de 16 anos que trabalhava como balconista foi arrolado como testemunha e, segundo a polícia, estava com muito medo em responder as perguntas dos investigadores.
O chinês vítima das agressões foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, onde permanece internado em estado grave. O dono da pastelaria foi autuado e preso em flagrante pela prática dos crimes de tortura, redução à condição análoga de escravo, omissão de socorro e frustração de direito assegurado por lei trabalhista. Após ser levado à 38ª DP, foi encaminhado ao presídio de Bangu 1.
A pastelaria foi interditada nesta quinta-feira (4) pela Vigilância Sanitária, por apresentar péssimas condições de higiene e conservação.
“Nós encontramos, uma imundície, um alojamento em condições insalubres, sem ventilação, o mesmo ambiente que era utilizado como alojamento era utilizado como depósito. É deprimente você ver um ser humano sendo submetido àquela condição. A gente fica pasmo de constatar que foi uma pessoa de mesma nacionalidade e parente. É lamentável”, disse o chefe de investigação da 38ª DP.
A reportagem do UOL procurou o advogado de defesa do proprietário do estabelecimento, mas ele não foi encontrado.
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