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Alemão baleado na Rocinha vive momentos de pop star em visita ao Cristo Redentor

O turista alemão Daniel Frank (centro), 25, visitou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, acompanhado (da esquerda para a direita) do diretor de Operações da Secretaria de Turismo, Marco Paes, do amigo suíço, Josef Dietsche, de sua irmã, Katlen Frank, e do delegado titular da Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo), Alexandre Braga - Gustavo Maia/UOL
O turista alemão Daniel Frank (centro), 25, visitou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, acompanhado (da esquerda para a direita) do diretor de Operações da Secretaria de Turismo, Marco Paes, do amigo suíço, Josef Dietsche, de sua irmã, Katlen Frank, e do delegado titular da Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo), Alexandre Braga Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

11/06/2013 15h33

Onze dias após ser baleado durante visita à favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, o turista alemão Daniel Benjamin Frank, 25, saiu nesta terça-feira (11) do hospital e foi diretamente para o Corcovado, no Cosme Velho, ver de perto o Cristo Redentor. Acompanhado da irmã, Kathrin Frank, 20, de um amigo da família, e de representantes da Secretaria de Estado de Turismo e da Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo), Daniel viveu momentos de “pop star”, sempre com um sorriso no rosto.

Seguido por dezenas de fotógrafos e repórteres, ele foi bastante assediado e fotografado por visitantes do Cristo, que queriam saber sua identidade. Ele chegou a ser confundido com um jogador de futebol do Bayern de Munique, equipe que venceu a Liga dos Campeões deste ano. Frank chegou ao local em um carro do Corpo de Bombeiros.

A visita ao ponto turístico estava na programação de viagem do jovem, que foi atingido no tórax no último dia 31. Ele deve voltar para Stuttgart, na Alemanha, ainda nesta semana.

A ida ao Corcovado, logo depois de receber alta da Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio, por volta das 11h30, ocorreu por insistência do turista alemão, segundo contou a irmã do estrangeiro.

No hospital particular para onde foi transferido no último dia 4, depois de passar quatro primeiros dias no hospital Miguel Couto, no Leblon, também na zona sul, os médicos que cuidaram do jovem recomendaram, durante coletiva de imprensa, que ele ficasse em repouso. Conhecer o Cristo Redentor, no entanto, era um desejo de Daniel.

“A vista é muito bonita. É maravilhoso aqui”, declarou o alemão, aos pés da estátua. Mesmo recém-operado no tórax, ele posou com os braços abertos para os fotógrafos. Ao chegar ao Cosme Velho, ele ganhou uma réplica do Cristo do delegado Alexandre Braga, titular da Deat, que o acompanhou durante todo o dia. “Vim para ajudar como tradutor”, justificou Braga, que não trocou uma palavra em alemão com Frank durante toda a visita.

Ainda no alto do Corcovado, o alemão, que é engenheiro e trabalha na Mercedes-Benz, passou alguns minutos dentro da capela localizada no interior do monumento. Antes de descer, ele experimentou um suco de manga. Na descida no Trem do Corcovado, um grupo de samba animou seu vagão com clássicos da música brasileira.

Recuperação e retorno

“Estou me recuperando, ficando melhor a cada dia. Sair do hospital foi muito bom”, afirmou Daniel. Questionado se recomendaria a outros turistas que viessem ao Rio, o alemão foi categórico: “com certeza”. “E se tiver oportunidade, vou voltar”, completou.

O alemão deve retornar para casa dentro de três dias. “Ele está aguardando o procedimento do seguro de saúde, que talvez envie um médico de lá para avaliá-lo antes de ele entrar no avião”, informou a irmã, Kathrin. O diretor de operações da Secretaria de Turismo afirmou que todas as despesas com passagens e hospedagens serão pagas pelo Governo do Estado.

"No lugar errado, na hora errada"

Daniel foi baleado em uma localidade conhecida como Roupa Suja, no alto da Rocinha. De acordo com a assessoria da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local, um morador encontrou o turista caído no chão. A comunidade foi ocupada por policiais em novembro de 2011. A instalação da UPP na favela se deu em setembro de 2012.

Para o suíço Josef Dietsche, que trabalha com a irmã de Daniel em uma ONG no município de Rolândia, no Paraná, e veio ao Rio no dia seguinte ao incidente para auxiliar a família, o alemão estava “no lugar errado na hora errada”. “Ele subiu a favela com um amigo sem estar acompanhado de ninguém do Rio. Foi uma fatalidade”, comentou.

Investigações sem novidades

O delegado Alexandre Braga declarou, durante a visita ao Corcovado, que as investigações estão avançando. “Quando houver novidades, avisaremos para a imprensa”, afirmou.

No dia do crime, um menor se apresentou a policiais da UPP Rocinha e confessou ser o autor do disparo que atingiu o turista alemão, mas depois voltou atrás e disse ter sido coagido a assumir o crime. O jovem de 16 anos foi encaminhado para a Deat, no Leblon.

Segundo informações da Polícia Civil, o menor se entregou aos policiais da UPP acompanhado de um homem que presta serviços sociais na comunidade. O jovem disse ter atirado no turista, mas, no depoimento ao delegado do Deat, Alexandre Braga, mudou a versão e negou a autoria do crime.

O delegado avaliou que as informações iniciais do suspeito conflitavam com o depoimento do amigo do turista alemão que presenciou o crime. Ele acredita que o menor não é culpado. "Percebemos que havia discrepâncias muito grandes entre a versão do jovem e a do turista. Muito provavelmente esse jovem não foi o autor do disparo", afirmou o delegado.