Após cinco horas, manifestantes desocupam Congresso Nacional em Brasília
Após cinco horas de ocupação das marquises do Congresso Nacional e de tentativas de invadir o interior da sede do Legislativo federal em Brasília, os manifestantes desocuparam o prédio por volta das 23h50 desta segunda-feira (17).
Às 18h45, dezenas de manifestantes furaram o bloqueio da Polícia Militar e invadiram a área externa do Congresso, aos gritos de "a-ha, u-hu, o Congresso é nosso". Eles ocuparam a marquise onde ficam as duas cúpulas, a da Câmara e a do Senado.
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Segundo o tenente-coronel Maurício Gouvêa, que comanda a ação policial, o protesto terminou com dois policiais e um manifestante feridos e um carro da PM com vidros quebrados. "No final, o saldo foi positivio. Foi uma manifestação com vários momentos diferentes. Em alguns deles, a situação ficou muito tensa, mas a polícia soube conduzir com calma. Os manifestantes se excederam em vários momentos, 'tacando' água e tinta na polícia, mas a disciplina da tropa prevaleceu e conseguimos controlar a situação sem violência", disse.
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avellar, confirmou que houve ao menos dois detidos nos protestos.
Os manifestantes deixaram o Congresso e caminharam pela Esplanada dos Ministérios, prometendo um novo protesto para esta terça-feira.
Segundo a PM, cerca de 10 mil pessoas participaram de um protesto que pediu recursos para educação, saúde, passe livre no transporte público e contra os gastos públicos na Copa das Confederações e do Mundo (2014), entre outras reivindicações. A manifestação ocorreu simultaneamente em várias outras cidades do país, como em Belo Horizonte, São Paulo, Curitba, Belém, Campinas (SP), Rio de Janeiro e em Florianópolis.
Por volta das 19h30, o plenário do Senado encerrou suas atividades em virtude dos protestos. Alguns senadores chegaram a tentar negociar com manifestantes, sem sucesso.
Reivindicações
No ato, os principais gritos de guerra eram contra a presidente Dilma Rousseff e contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Voltados em direção ao Palácio do Planalto, os integrantes do protesto gritaram "Isso é só o começo" e cantaram "Que país é esse?", música da banda Legião Urbana.
Outros políticos também foram alvo das reclamações. Era possível ouvir gritos de "Fora, Sarney" e "Fora, Renan".
Um dos organizadores do evento no Facebook entregou à polícia legislativa uma lista de reivindicações dos manifestantes. Entre os itens, há um pedido para que a Câmara abra investigação sobre a violência policial contra os manifestantes.
Manifestantes ouvidos pelo UOL afirmaram que foram motivados por indignação contra a corrupção, contra PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que tira poderes de investigação do Ministério Público e contra os gastos na Copa do Mundo.
Também houve gritos contra os PMs -- "ei, polícia você está do lado errado" -- e contra a Copa do Mundo de 2014 -- "Copa do Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro na saúde e educação".
Com cartazes, faixas e bandeiras do Brasil, o protesto por volta das 17h, no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. Durante a caminhada, mais pessoas foram aderindo à manifestação, que ocupou todas as faixas da Esplanada.
O protesto foi organizado pelas redes sociais. Na chegada ao Congresso, um grupo chegou a invadir o espelho d'água em frente ao prédio.
Segundo a PM do Distrito Federal, havia, inicialmente, 400 policiais no local. Mas, após a invasão do Congresso, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que outros 3.500 PMs estão foram para o local para "proteger os prédios públicos". O reforço policial conta com homens da Tropa de Choque, da Rotam e da cavalaria.
O governador do Distrito Federal afirmou, em nota oficial, que o governo acompanha as manifestações com "firmeza e cuidado". O Palácio do Planalto emitiu nota oficial em que a presidente Dilma afirma que "manifestações pacíficas são legítimas".
Entenda
A insatisfação que levou milhares às ruas em São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades nos últimos dias, em manifestações que resultaram em inúmeros atos de violência, depredação e confrontos com a polícia, vai além do descontentamento com a elevação na tarifa do transporte público. E no momento em que o Brasil está sob os holofotes às vésperas de receber grandes eventos internacionais, o movimento ganha corpo e se espalha por outras capitais do país.
Desde a semana passada manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, têm protestado contra o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo --foi de R$ 3 para R$ 3,20. Autoridades descartam rever o preço e argumentam que o reajuste, inicialmente previsto para janeiro, foi postergado para junho e veio abaixo da inflação.
Para a professora Angela Randolpho Paiva, do Departamento Ciências Sociais da PUC-RJ, o movimento emana de uma insatisfação difusa de estudantes. "É um grupo de estudantes, inclusive estudantes de classe média que estão na rua num momento de uma catarse mesmo. Quer dizer, os 20 centavos foram estopim para muita insatisfação com o que está acontecendo, e tomara que usem essa energia para outros protestos."
"Eu diria que tem uma insatisfação quando você vê que esses eventos [Copa das Confederações e Copa do Mundo] têm prioridade número um na gestão pública. Todo dinheiro é gasto nisso", disse. "Uma coisa é certa, o poder das redes sociais. Isso não pode ser desprezado em hipótese nenhuma. Essa questão da passagem é muito inesperado ter tomado essa proporção", disse.
OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)
PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio
Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional
Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em SP
Após protesto calmo em SP, grupo tenta invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo
Manifestantes tentam invadir o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio
Um carro que estava estacionado em uma rua do centro do Rio foi virado e incendiado
Jovem é detida pela Brigada Militar durante protesto realizado em Porto Alegre
Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, posa com manifestantes
Estudante é preso dentro diante do Congresso Nacional
Manifestantes levam faixa alusiva a 1964 em Porto Alegre
Protestos pelo mundo, como este em Berlim, manifestam apoio aos atos no Brasil
Fotógrafos protestaram contra a violência da PM em relação aos jornalistas
Manifestante preso no protesto no dia 11 é solto em SP
Policial atinge cinegrafista com spray de pimenta
PM agride clientes de um bar na avenida Paulista
Policial atira bombas contra manifestantes
Cartaz faz referência à música Cálice, de Chico Buarque, escrita durante a ditadura
Manifestantes se ajoelham para tentar se proteger de ação policial
Mulher anda de bicicleta em meio a confronto entre policiais e manifestantes
Garota segura flor enquanto usa orelhão pichado durante protesto
Mulher é ferida na cabeça ao passar por confronto entre polícia e manifestantes
Policial atira contra manifestantes em rua do centro de São Paulo
Vídeo mostra policial quebrando o vidro do próprio carro da polícia em SP
Manifestante faz sinal da paz para policiais
Policial Militar aponta arma para se defender de agressores
Manifestantes se ajoelham diante de PMs durante protesto na avenida Paulista
Policial tenta apagar fogo provocado por manifestantes
Manifestantes fazem fogueira durante protesto contra o aumento das passagens
Manifestantes tomam a avenida Paulista no segundo protesto
Multidão participa do primeiro protesto contra a aumento na tarifa de ônibus
(Com informações de Aiuri Rebello e da Agência Brasil)
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