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Em assembleia, manifestantes confirmam protesto nos arredores do Mineirão durante Brasil x Uruguai

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

23/06/2013 21h16

Representantes de movimentos sociais e estudantes confirmaram, em assembleia realizada entre a tarde e a noite deste domingo (23) embaixo do viaduto Santa Tereza, na região leste de Belo Horizonte, que será realizado um protesto na próxima quarta-feira (26), quando Brasil e Uruguai se enfrentarão no estádio do Mineirão pela Copa das Confederações.

Na reunião, cerca de 500 presentes definiram que a concentração para o ato começará às 12h na praça Sete de Setembro, no centro da capital. De lá, o protesto deverá seguir até o entorno do estádio, que fica na região da Pampulha, de acordo com o decidido na assembleia de hoje.

O trajeto é o mesmo da manifestação realizada nesse sábado (22), que reuniu mais de 120 mil pessoas e foi marcada por confrontos entre policiais militares e manifestantes, saques e depredações nos arredores do Mineirão e na praça Sete.

"Constatamos que muitas pessoas foram preparadas para a guerra", disse o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Márcio Sant'Ana, em entrevista coletiva realizada neste domingo. O coronel dá como “certo” que haja um “duro confronto” entre a PM e manifestantes e que “infiltrados de má índole” estão participando dos atos para promover atos de vandalismo. 

Já o chefe da Polícia Civil mineira afirmou que ao menos trinta pessoas já foram identificadas como autores de atos de vandalismo em Belo Horizonte durante as manifestações que ocorreram na cidade. "Todos serão responsabilizados", disse Cylton Brandão da Matta.

Ontem à noite, tenente coronel da PM Luiz Alberto afirmou que a polícia não irá permitir atos violentos nos próximos protestos em Belo Horizonte. "Acabou a ação reativa que a PM estava mantendo até agora. Vamos adotar a tolerância zero nos protestos", afirmou à reportagem do UOL.

Polícia investiga grupo "infiltrado"

Segundo o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Cylton Brandão da Matta, um grupo de mais de 40 integrantes que teriam se "infiltrado" nos atos está sendo investigado por sua participação nos “atos criminosos e de vandalismo registrados nas últimas manifestações” em Belo Horizonte. A polícia apura se eles já teriam atuado em protestos com vandalismo em outros Estados.

Qual deve ser o principal tema dos próximos protestos no Brasil?

“Houve a participação de vândalos vindos de outros Estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Isso é do conhecimento da Polícia Civil”, disse. Segundo Matta, cerca de 30 pessoas já foram identificadas.

Ao todo, 32 pessoas foram presas no último protesto , algumas com antecedentes criminais por tráfico de drogas, furtos qualificados e lesões corporais. “Estes (pessoas sem antecedentes criminais) acabaram sendo conduzidos pela prática de crimes de menor potencial ofensivo, como agressão, vandalismo e ameaça. As depredações serão apuradas com extremo rigor”.

Oito manifestantes e seis policiais militares ficaram feridos, um deles integrante da Força Nacional. Um cavalo do Regimento da Cavalaria Alferes Tiradentes da PM (Polícia Militar) mineira também acabou se ferindo na confusão.

Quebra-quebra na Pampulha e no centro

O confronto de ontem começou depois que, mais uma vez, parte dos manifestantes tentou furar o bloqueio policial e ainda jogou pedras contra os policiais, e durou até o início da madrugada deste domingo (23).

Durante o período de maior tensão, no qual a PM lançou bombas de efeito moral sobre o protesto no entorno da praça Sete, o major Gilmar Luciano pediu para que as famílias buscassem os jovens e os levassem embora.  "Pedimos a compreensão dos mais velhos. Que liguem para seus filhos e façam com que eles saiam das ruas e voltem para casa", disse. "O recado já foi dado. Agora, os que restaram nas ruas são os verdadeiros baderneiros", afirmou o major. 

O confronto começou depois que, mais uma vez, parte dos manifestantes tentou furar o bloqueio policial e ainda jogou pedras contra os policiais, e durou até o início da madrugada deste domingo (23).

Durante cerca de duas horas, os 2 mil soldados da corporação, além de 150 homens da Força Nacional de Segurança, não revidaram aos ataques dos, que jogavam bombas (garrafão), pedras, pedaços de metal, chumbo, tijolos e latas contra os policiais. Após o término do jogo entre México e Japão, porém, a PM revidou com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha.

No período de maior tensão, no qual a PM lançou bombas de efeito moral sobre o protesto no entorno da praça Sete, o major Gilmar Luciano pediu para que as famílias buscassem os jovens e os levassem embora.  "Pedimos a compreensão dos mais velhos. Que liguem para seus filhos e façam com que eles saiam das ruas e voltem para casa", disse.

"O recado já foi dado. Agora, os que restaram nas ruas são os verdadeiros baderneiros", afirmou o major.
Com as bombas de gás lacrimogêneo, a multidão se dividiu em diversos grupos e correu para sentidos diferentes. Ao mesmo tempo, os participantes do ato jogaram mais pedras, além de foguetes e objetos diversos contra os policiais.

No meio da confusão, uma parte dos manifestantes seguiu a passeata pela avenida Santa Rosa, que era um trajeto permitido e que também dava acesso ao estádio. O restante continuou tentando subir a avenida Antônio Abrahão Caram, para ter acesso ao estádio, e o confronto continuou. Muitas pessoas passaram mal e precisaram ser amparadas por colegas de movimento.

A partir daí, formaram-se grupos que quebraram o que viam pela frente. Três concessionárias de veículos foram invadas e destruídas parcialmente. Oito automóveis Hyundai, modelos de luxo, com preços médios de R$ 80 mil, foram depredados pelos manifestantes na loja do Grupo Cao.

Os manifestantes seguiram pela avenida Antônio Carlos, destruindo placas de trânsito, provocando incêndios e quebrando vitrines de lojas. Parte da grade de proteção da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que fica ao lado do estádio, foi destruída.

Da Pampulha, a multidão seguiu para a praça Sete, no centro da cidade, onde o quebra-quebra se estendeu até de madrugada. Em certo momento, um grupo com cerca de 500 pessoas se envolveu em atividades de vandalismo, segundo a PM.