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Após 40 horas de buscas, bombeiros dizem acreditar que operário soterrado está vivo

Do UOL, em São Paulo

04/12/2013 11h39Atualizada em 04/12/2013 11h58

Mesmo passadas 40 horas do começo das buscas, o Corpo de Bombeiros diz acreditar que esteja vivo o operário e vigia Edenilson Jesus dos Santos, 24, desaparecido após o desabamento de um prédio de cinco andares em Guarulhos (SP), na noite da última segunda-feira (2).

"A nossa expectativa é que ele esteja vivo. Estamos trabalhamos tomando todos os cuidados na esperança que ele esteja vivo", afirmou a assessoria de comunicação da corporação.

Por volta das 11h desta quarta-feira (4), 45 bombeiros trabalhavam no local onde o edifício desmoronou. A procura está sendo feita de forma manual e conta com a ajuda de dois cães farejadores, uma retroescavadeira e um guindaste.

"Já foram registrados casos de resgate de pessoas vivas que estavam soterradas há nove dias. Isso nos faz acreditar que ele esteja vivo", segundo o Corpo de Bombeiros.  

A busca pelo trabalhador está concentrada em um único ponto, no segundo subsolo do prédio, onde funcionava o alojamento da obra. O local foi indicado pelos cães farejadores.

De acordo com o capitão Carlos Roberto Rodrigues, as equipes trabalham na retirada dos entulhos para aliviar a carga lateral e ter mais segurança para a busca de espaços onde o operário possa estar.

"Temos uma alta carga de entulho. Não é um trabalho rápido que pode durar talvez alguns dias", afirmou o capitão, em entrevista à rádio "CBN".

Local do acidente

Ontem, os bombeiros conseguiram chegar até a cama do operário e a um chuveiro, que ainda estava ligado. A carteira de identidade dele foi encontrada pelos bombeiros.

Por causa do desabamento, cinco casas e um prédio vizinhos estão interditados. Segundo a Defesa Civil de Guarulhos, as famílias foram levadas para casas de parentes.

Polícia e MPT investigam caso

Polícia Civil instaurou nesta terça-feira (3) um inquérito para investigar as causas do desabamento. O MPT (Ministério Público do Trabalho) também começou a investigar o caso.

O delegado substituto do 5º DP de Guarulhos Geraldo Martim Maracajá esteve ontem no local do desmoronamento. "Esperamos a conclusão dos trabalhos dos bombeiros para começar a colher os depoimentos dos envolvidos no caso", afirmou. Segundo ele, devem ser ouvidos trabalhadores da construção, responsáveis pela obra, além de testemunhas.

O MPT também começou ontem a investigar supostas irregularidades em relação à segurança dos trabalhadores da obra. Procuradores estiveram no local, onde ouviram funcionários da construção e testemunhas do desabamento.

Desabamento

O prédio em construção, localizado na avenida Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, 1987, desabou por volta das 19h20 de segunda-feira (2). O edifício de oito pavimentos --cinco andares, um térreo e dois subsolos-- não estava concluído.

Segundo a Prefeitura de Guarulhos, a empresa responsável pela obra, Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda, tinha alvará de construção emitido em 23 de novembro de 2012 para a construção de prédio residencial de 30 apartamentos e dois salões comerciais.

Ainda segundo a prefeitura, em 14 de maio deste ano a empresa solicitou que o projeto fosse substituído, acrescentando um mezanino em um dos salões comerciais. O alvará foi expedido em 6 de novembro deste ano.

 

Denúncias de irregularidades

O pedreiro Edvaldo Jesus dos Santos, irmão do operário que está desaparecido, afirmou que já havia observado rachaduras na construção.

"Vivíamos restaurando os pilares do prédio por causa de rachaduras. A gente falava para o encarregado, mas ele parecia não dar muita importância. A gente também não dava", afirmou.

Edvaldo afirmou ainda que alguns operários não usavam equipamentos de segurança já que este não era fornecido pela construtora.

Construtora

O advogado Maurício Monteagudo, que representa a Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda, afirmou nesta terça-feira que a empresa quer verificar a extensão dos danos e pretende indenizar eventuais vítimas. "Se houver vítimas, vamos ressarci-las".

Segundo Monteagudo, nenhum engenheiro responsável pela obra esteve no local após o acidente, mas representantes jurídicos da construtora estão acompanhando o trabalho de resgate. O advogado também declarou que a empresa irá apurar os problemas da construção e emitir um parecer técnico a respeito.