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Delegado no Rio diz ter "convicção" de que bomba partiu de manifestante

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

07/02/2014 17h52Atualizada em 07/02/2014 18h43

O delegado da 17ª DP do Rio de Janeiro, Maurício Luciano, afirmou nesta sexta-feira (7) ter "convicção" de que o artefato explosivo que feriu gravemente o cinegrafista da "Band" Santiago Andrade foi lançado por um manifestante, e não por policiais militares. Andrade foi atingido durante o protesto contra o aumento das passagem de ônibus no Rio de Janeiro, na noite de quinta-feira (6).

"A gente tem convicção em função da avaliação feita pelos especialistas. Esse artefato não foi deflagrado pelas forças de segurança, e sim colocado pelas pessoas que estavam participando da manifestação. Isso a gente já pode concluir", disse Luciano.

Segundo ele, o principal suspeito é um homem que vestia camisa cinza. Nas imagens que mostram o momento exato da explosão do artefato, ele pode ser visto correndo, de costas. Para identificar o suspeito, a Polícia Civil quer juntar às provas técnicas e às imagens das câmeras as versões apresentadas por eventuais testemunhas que tenham presenciado o crime.

O delegado fez um apelo para que os profissionais de imprensa que filmavam a manifestação compareçam à delegacia. "Com esses relatos, já trataremos essa pessoa como indiciada, pois não haverá dúvida sobre a autoria do crime", afirmou. Luciano informou também que, uma vez indiciado, o suspeito em questão responderá pelos crimes de tentativa de homicídio qualificado e de explosão. Se condenado, ele pode ser punido com até 35 anos de reclusão.

O policial informou que a polícia está investigando imagens fornecidas pela prefeitura (câmeras de trânsito), do CML (Comando Militar do Leste) e dos jornalistas que trabalhavam na cobertura da manifestação. Além disso, as imagens feitas pela própria vítima também podem ajudar na apuração do fato.

"Temos esperança de que o Santiago possa ter feito uma imagem panorâmica antes da explosão do artefato. Ele pode ter filmado o suspeito correndo", explicou.

O inspetor do Esquadrão Antibomba Elington Cacella, que está auxiliando a investigação, afirmou ter realizado testes com artefatos semelhantes e descoberto que o mesmo é vendido livremente em casas de fogos de artifício.

O material é conhecido como "rojão de vara" ou "rojão treme-terra", e não poderia em hipótese alguma ser utilizado em local com aglomeração de pessoas, conforme norma técnica estabelecida pelo Exército.

"Esse artefato tem 60 gramas de explosivo e, pela norma R-105, só poderia ser usado com uma distância mínima de 30 metros de um indivíduo. Ele não poderia ser usado em um local com aglomeração de pessoas e sem a autorização da autoridade competente", explicou Cacella.