Contra "sucateamento", policiais federais paralisam hoje em todo o país
Em protesto por melhores salários e condições de trabalho e contra o que chamam de "sucateamento" da Polícia Federal, agentes federais em todo país irão paralisar as atividades por 24 horas nesta terça-feira (11). A mobilização foi convocada pelos sindicatos que representam agentes, escrivães e papiloscopistas dos 26 Estados e do Distrito Federal.
Segundo a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), entidade que congrega os sindicatos estaduais, serviços básicos e emergenciais, como a emissão de passaporte e o controle nos aeroportos, não serão afetados pela paralisação. A entidade diz que irá cumprir o patamar mínimo de 30% de pessoal trabalhando nestas funções.
“Não temos como foco atrapalhar a população. Os serviços essenciais, como passaporte, aeroportos e plantões, e os serviços mais ligados à sociedade, vão funcionar normalmente. O que vamos paralisar são as operações, investigações”, afirma Jones Borges Leal, presidente da Fenapef.
As atividades que serão interrompidas pela mobilização são, sobretudo, operações e investigações. A paralisação não envolve delegados e peritos, que são representados por outros sindicatos.
A categoria está em estado de greve desde o último dia 29. O estado de greve não causa nenhuma implicação na prática, mas serve como uma espécie de alerta ao governo e à cúpula da PF de que a categoria está insatisfeita e pode entrar em greve.
Na última sexta-feira (7), policiais federais realizaram protestos em vários Estados. Em algumas capitais, a categoria realizou “algemaços”, pendurando algemas nas entradas de sedes e superintendências da PF.
Além de hoje, a categoria promete paralisar nos dias 25 e 26 de fevereiro. De acordo com a Fenapef, as paralisações foram aprovadas por unanimidade por um conselho que reúne todos os presidentes dos sindicatos estaduais e depois foram referendadas pela categoria em assembleias --exceto nos Estados do Amazonas e Amapá, onde não houve quórum.
Reivindicações
Segundo a Fenapef, os salários de agentes, escrivães e papiloscopistas não são reajustados há sete anos consecutivos, ao contrário do que ocorreu com os delegados e peritos da PF, além de servidores federais de outras áreas, como os agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e auditores da Receita. A entidade afirma que a defasagem acumulada no período chega a 45%.
De acordo com o presidente da Federação, o piso salarial da categoria é de R$ 7.500 (cerca de R$ 5.500 líquido) e o teto de R$ 11,8 mil (R$ 8.500 líquido).
“Um policial federal que vai para a fronteira, que deixa os grandes centros, tem de abandonar a família para ganhar quase R$ 5.000 líquidos. E não é só a questão financeira: colegas estão ficando doentes, fazendo tratamento psicológico por conta dessa situação. Há um alto índice de suicídios”, afirma o sindicalista.
Segundo Borges Leal, as más condições de trabalho na PF, além do assédio moral, têm provocado alto índice de baixas entre os agentes. “Eles entram para a polícia e em menos de um ano pedem exoneração”. Outro ponto criticado pelos sindicalistas é a substituição da PF pelo Exército ou pela Força Nacional em ações de segurança pública, como o policiamento na Copa do Mundo.
Além de recomposição salarial, a categoria exige que o governo federal regulamente as funções e atividades dos agentes, crie um plano de carreira para os servidores e melhore a gestão da PF. “Estamos enfrentando um grande sucateamento, um boicote. Se não mudar, a PF não dura mais cinco anos.”
De acordo com a Fenapef, o governo federal tem se mostrado aberto ao diálogo, mas até agora não apresentou uma proposta concreta à categoria.
Outro lado
A reportagem conversou por telefone com a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça e foi orientada a procurar a PF.
A assessoria da PF, por sua vez, pediu que as questões referentes à paralisação fossem encaminhadas por email. As questões foram enviadas na tarde de ontem, mas até o fechamento da reportagem as respostas não haviam sido enviadas pela PF.
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